Este blogue tem conteúdo adulto. Quem quiser continuar é risco próprio; quem não quiser ler as parvoíces que aqui estão patentes, só tem uma solução.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Fim de ano

Certos acontecimentos recentes fazem-me pensar no quão pequena a vida às vezes parece ser. São os acidentes rodoviários, as quedas de aviões, os elementos atmosféricos ou a simples partida de alguém conhecido ou familiar, que me trazem à memória outros tantos acontecimentos que de uma forma ou doutra afectaram a minha, até agora, curta existência.


Pela minha educação tradicional católica, devo crer que a morte é apenas o início de uma nova vida, da ressurreição, a vida eterna no céu, o Paraíso onde Deus acolhe todos os que Nele crêem. É este ensinamento que devia pôr um ponto final ao meu entendimento sobre a morte, mas não é o que realmente acontece.


De uma forma muito simples a morte é apenas escuridão, como se os olhos se fechassem para sempre, ocupando um estado de cegueira em que o silêncio é também algo sempre presente. Talvez a morte não se explique assim com tanta facilidade, mas é decerto a forma mais simples de pensar, não havendo a necessidade de ocupar neurónios perante uma questão com uma resposta tão simples.


Gosto de pensar como se fosse criança, que a morte é apenas a entrada em um novo mundo, o início de uma nova vida, onde mais tarde ou mais cedo todos nos encontraremos e possamos talvez matar saudades. Se do lado de lá é impossível sair, também é de lá que cada uma dessas almas vela por aqueles que ficaram deste lado. É uma forma poética de sentir algo que sempre nos é apresentado como terrível, o fim de tudo.


Parece que existe quem escolha a época festiva actual para passar para o lado de lá, como contrariando de propósito a felicidade ou a alegria que esta altura obriga. Não... não é assim tão simples. A foice não escolhe altura, não escolhe momentos, nem sequer deve responder a pensamentos. Ceifa pura e simplesmente as vidas que terminaram na Terra as suas missões, para que novos objectivos sejam reiniciados, onde quer que seja.





terça-feira, 9 de dezembro de 2014

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Defeitos

Acho que é um defeito de fabrico, mas é com ele que tenho de viver e especialmente quem me quiser aturar.

Tenho mau feitio. Confesso-o aqui e desde já. Sou assim principalmente porque à minha volta vejo as injustiças que se fazem ou que se escrevem. O mundo virtual trouxe-nos uma nova forma de comunicar, porém nem todos a usam com a responsabilidade que tal ferramenta necessita.

Descubro todos os dias que existem pessoas piores do que eu. E se pensar o quão mau eu já sou, até ganho medo quando tento descobrir alguém que não o seja, pois encontrar alguém igual a mim já me deixa de cabelos em pé.

Gosto de opinar, já aqui o referi várias vezes. Porém parece que só eu é que estou errado, pois todos os outros se acham correctos.

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Parece que o povo está mais interessado do que nunca em voltar ao tempo da "outra senhora". Afinal parece que a ditadura está na mente de muitos como uma coisa boa, mesmo que esses nunca tenham vivido realmente nesse tipo de regime político. A esquerda ganha força, em especial aquela que só com a dita ditadura poderia alguma vez ter o poder. Refiro-me claramente no comunismo, que tem sido o que a história nos tem ensinado... pelo menos aos mais atentos.

Parece que a direita não interessa ao país, nos dias que correm. Parece que a esquerda está adormecida. Enquanto isso outros ficam à espera que haja sangue para depois pegarem nos restos e subirem ao pódio. Não sei porque escrevi este parágrafo, acho que me entusiasmei apenas.

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Sou católico. Não entendo a razão porque se dizem uns ser praticantes e outros não. Cá para mim só existe o ser ou o não ser, não há cá meios termos, pois havendo-os é o mesmo que dizer que não se é realmente católico. Acreditar em Deus, no seu Filho e no Espírito Santo é claramente algo de espiritual, que não pode ser classificado por meios termos.

Que diga a Constituição que o estado é laico que não me interessa, pois quem forma o Estado são as pessoas e são elas que têm as suas crenças. Estar constantemente contra os feriados católicos é estar contra as pessoas, ou seja, é claramente uma forma de repressão espiritual e não é, a meu ver, direito de qualquer um em relação aos outros. Há que haver respeito pelas tradições do vizinho, desde que as mesmas não interfiram com as dos próprios.

Esquecer o caminho católico, com ou sem erros, na formação de Portugal é sem sombra de dúvida deitar por terra a razão porque existimos enquanto nação e acima de tudo enquanto cultura e diversidade mundial. Não me venham portanto com falsos moralismos, não somos máquinas, somos humanos e por isso temos direito às nossas crenças.

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Estamos em plena época festiva, quer gostem quer não gostem deve-se a uma comemoração católica. Deverá o Estado laico acabar com as festividades? Pois, não me parece. Implicaria acabar com férias escolares, retroceder o crescimento económico, juntar as famílias em redor da mesa. Parece que alguns não percebem ainda o significado de família e o que a velha tradição católica proporciona aos laços familiares.

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Resumindo e concluindo, estou com um mau feitio do caraças... apetecia-me dizer mais, mas este blogue aderiu ao grupo internacional sem palavrões.


quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Amizade

Sempre considerei que entre amigos pode de certa forma haver mais alguma liberdade. É claro que a falta de respeito não se deve ter com ninguém e muito menos com aqueles por quem temos muita consideração. Lembrei-me de escrever isto por causa de um caso que se passou entre mim e um amigo recentemente, que no seguimento de um mal entendido, do meu amigo, provocado por um abuso meu, houve um corte brusco naquilo que pensávamos ser uma amizade há muito consolidada.

Palavras menos próprias podem ter sido trocadas, apagados números de telefones, barreiras levantadas, um corte total nas relações. Porém, manifestou-se algum tempo depois, que afinal a amizade entre nós era, perdão é, realmente mais forte do que a intenção de nos afastarmos definitivamente. Pedidos de desculpas apareceram, promessas de consolidarmos o que sentimos mas ainda com mais respeito, em especial pela liberdade de cada um.

Retomámos assim o contacto e vamos aos poucos aproximando-nos novamente, com a esperança de mudarmos o necessário para que um novo corte, quem sabe se definitivo, não ocorra. Podemos assim voltar a sorrir, falar, brincar, encurtar distâncias, trocar conselhos e/ou idéias.

Fazem-me lembrar estas palavras de outras guerras que aconteceram em diversas épocas da história da humanidade. Se no presente caso não houve mortes, ficaram algumas feridas que mais tarde ou mais cedo estarão saradas. É este o verdadeiro significado da amizade, o perdão, a compreensão, o querer ser melhor e fazer o melhor pelo outro.


domingo, 16 de novembro de 2014

Vida

Saber que fiz o melhor que podia a um animal de estimação enquanto viveu já me deixa algum conforto.

Foram quase cinco anos de alegria. Terminaram quando acordei pela manhã e o pobre do animal já não respirava. No meu carro o fui buscar ao canil e no mesmo o levei para a morada final. Cumpri o meu dever.

Agora é seguir em frente e substituir aquela vida por outra. E que a sorte nos dê muitos anos de alegria.

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Voz

Já aqui deixei bem claro o meu interesse por coros. Acho que é uma das formas mais sublimes da música em que se usa o mais importante instrumento de todos, a voz. Confesso que gostaria de pertencer a uma formação deste tipo, embora considere que não canto bem, nem sequer em Março.





Blogosfera

Acho que posso dizer que a blogosfera faz-me pertencer a uma família de gente especial, que partilha interesses idênticos aos meus, em especial a escrita.

Hoje um membro da família está muito contente: Parabéns João!


Aniversário

Em breve este blogue comemorará três anos de publicações periódicas. Não é nenhum recorde já que existem muitos bons blogues que se mantêm no ar há mais tempo, proporcionando horas de prazer a quem os lê. Por outro lado tantos foram os que terminaram sem eu sequer dar por isso. Tenho pena por alguns, já que me ensinavam coisas boas. Que esses autores continuem com o "bichinho" e retornem a este modo de comunicação.

Costuma-se dizer que quem faz anos tem direito a um desejo, eu só desejo por cá continuar, na esperança de poder inspirar quem começou antes e que agora anda um pouco arredado destas andanças.


terça-feira, 11 de novembro de 2014

Momentos

Acho que nunca pensei tanto antes de escrever um texto neste espaço. Ando aborrecido com algumas coisas pelo que tenho medo do que possa acontecer nas próximas linhas. Uma dessas coisas deixa-me completamente de rastos, não por eu não saber que aconteceria, mas o quando e o como é que eram incógnitas. Não vale a pena falar do assunto, um dia destes publico o texto que escrevi esta manhã.

Este ano o tão desejado verão de S. Martinho ficou fechado numa gaveta do S. Pedro, aquele santo a quem praguejamos quando do céu caem os pingos tão indesejados ou quando as portas do céu batem com força, com tanta força que por vezes além do som até faz faísca. Se hoje houve uma pequena trégua, é bem possível que amanhã não tenhamos a mesma sorte. (enquanto escrevo este parágrafo dou conta que já chove)

A zona de Vila Franca de Xira anda na boca do povo. Legionella pra cá, legionella para lá, contaminação, doentes, mortes. Enchem-se as páginas dos jornais, tomam de assalto os telejornais e na internet fazem-se piadas sobre o assunto. Até já dizem que foram as acções provocatórias militares russas, que aproveitaram para cá deixar umas bactérias, só para nos chatear. Como se Portugal fosse um país de interesse para a poderosa Rússia.

Brincadeiras à parte e como somos um país sério, não a julgar pelas tristes cenas que pela casa da assembleia se passam, em especial por ministros que deviam respeitar quem lá mora e acima de tudo quem representam, Portugal contínua a mesma pasmaceira. Continua-se a perder tempo e dinheiro com escândalos financeiros, quando todos sabemos que não terá resultado prático algum.

Política. Não gosto muito de mexer com o assunto mas quando vejo o que se passa na cena política nacional até me dá vontade de vomitar. Então não é que o poder central corta as pernas às autarquias e depois ficam ofendidos quando os autarcas têm que arranjar maneira de amealhar uns extras para pagar as contas? Essa é boa. Afinal o que é que os senhores dos "cortes" têm feito nos últimos três anos?

Ouço músicas de outros tempos. Fazem-me lembrar momentos que já não voltam. Há quem chame a isso nostalgia, eu chamo-lhe memórias e foram elas que me ajudaram a crescer e a formar-me enquanto pessoa. Espero que exista neste mundo quem faça como eu, que aproveite o passado para se tornarem melhores pessoas no mundo. Porque a uma boa pessoa não basta sê-lo, há que parecê-lo também.


terça-feira, 4 de novembro de 2014

Verde

Acordo cedo e meio levantado olho pela janela e aprecio o céu. Está limpo e raios solares invadem o quarto, passando pelo espaço que o cortinado deixa disponível. Visto o equipamento, preparo o pequeno-almoço, a bebida energética. Calço as sapatilhas, fecho a fivela do capacete, envolvo as mãos em álcool e enfio-as dentro das luvas. Coloco o conta quilómetros a zeros e inicio a aventura de domingo.

Não sei porquê mas a minha imaginação nem sempre funciona como eu bem quero. Talvez a rotina diária seja a culpada, invadindo todos os espaços livres do cérebro, comandando os meus movimentos e as minhas vontades. Comecei a escrever uma das histórias mais interessantes, parei porém, não por falta de enredo, simplesmente parei. Anseio a vontade de continuar tão grande empresa, talvez o faça em breve.

Escolho caminhos conhecidos. Passo pela cidade e vejo o pouco movimentada que está. Pouco passam das oito da manhã e à excepção de alguns madrugadores que como eu aproveitam para esticar os músculos, todos ficam na cama até mais tarde. O meu organismo ainda se lembra que as dificuldades do terreno se ultrapassam com alguma destreza, como se eu nem precisasse de dar a ordem ou tomar a decisão mais acertada.

As semanas são sempre iguais. De casa segue-se para o trabalho. Almoço. Trabalho. Volto a casa, passando para comprar pão ou para ver as novidades na loja de bricolagem que está disponível, comparo preços e acabo por sair com uma coisa qualquer, algo que será utilizável um dia. O meu companheiro de quatro patas surge ao portão, saltita e ladra, como se eu tivesse voltado de uma viagem de vários dias. Faço-lhe as festas possíveis, lanço-lhe dois ou três piropos e entro em casa. O refúgio.

A nascente do rio está seca, sinal que o inverno ainda tarda. Resta-lhe as fontes que mais abaixo o alimentam e que o transformam numa estrada aquática, para patos. Atravesso-o e embrenho-me entre os eucaliptos que povoam os arredores. A partir dali é um constante subir e descer, caminhos que me fazem sentir ainda mais aventureiro. Não sigo por trilhos complicados, mas não me nego a alguma dificuldade. Um motociclista passa por mim, talvez perguntando-se o que faz uma bicicleta num trilho de motas.

Não vale a pena os senhores lá do palácio imporem o fim às tradições, contínuo a cumpri-la escrupulosamente. O Dia de Todos os Santos é passado em família, a que resta. Já não há "Pão Por Deus", porque já não devem haver pobres ou porque já ninguém se dá ao trabalho de perder tempo a enfornar tabuleiros de broas. Optamos por sair, comprar as flores e ir ao cemitério visitar os entes queridos, almoçar fora e ver o mar.

Ao fundo está a cidade, aquela onde cresci. Do sítio onde me encontro parece apenas um conjunto de blocos no fundo do vale. Até lá o verde da floresta e ao fundo a serra. Aprecio a paisagem que já quase não tem nada de natural. Antes onde haviam campos a perder de vista são agora fileiras de eucaliptos, a única árvore que ainda representa algum dividendo aos proprietários. Não sou completamente contra, já que assim existe alguma preocupação em manter a floresta limpa. Sou ambientalista mas como dizia um falecido historiador, podemos bem equilibrar o ambiente e as necessidades humanas.

Parece que o outono se instalou finalmente, tal e qual me lembro dele nos tempos de miúdo. Dias a chover. Frio. Trovoada. Parece que volto atrás e me lembro do fascínio que tinha ao ver a onda a descer a estrada, entrando em seguida nas valetas. O vento vergava as árvores lá no outeiro. O fumo das chaminés seguia direcções várias, sempre acompanhando o sopro do céu.

Já estou perto de casa, basta mais um esforço para percorrer o quilómetro mais complicado - o final. O branco das paredes que no verão reflectem a luz do sol já se vê. A garrafa de bebida energética já se encontra quase vazia. Só faltam mais umas pedaladas. Acabou. Arrumo a montada, tiro o equipamento suado e entro no chuveiro. Mais uma manhã de domingo bem passada.


sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Existe alguém...

... que já tenha tido esta sensação?


terça-feira, 7 de outubro de 2014

Digital

Recordei este fim-de-semana na RTP memória um programa de 1986 apresentado pelo saudoso Artur Agostinho, de seu nome Quem te viu e quem TV. Homenageava um dos melhores autores e cantores que conheço, de seu nome Maximiliano Sousa, o Max, através de imagens de um programa em que participou em 1959, apresentado na altura pelo Jorge Alves. Max nasceu na Madeira e morreu no continente no ano de 1980.


O seu estilo inconfundível tornou Max um ícone na cultura portuguesa. Alfaiate de profissão e artista de vocação, cedo decidiu que era no continente que estava o seu futuro artístico. Fez furor em Portugal e sucesso na América para onde partiu em 1957 para uma turné de cinco anos, interrompida por um problema cardíaco que o fez retornar a Lisboa dois anos depois.

É claro que não vou falar mais do Max, criador de sucessos como a "Mula da Cooperativa", "Porto Santo", o "31" e tantas outras músicas que me ficam na memória, já que felizmente existe quem não deixe morrer a sua memória e o perpétue neste mundo virtual que é a internet.


Lembrei o Max, porque me lembrei do que hoje seriam dezenas de artistas portugueses, neste mundo da informação. Os sucessos já não de fazem nas rádios ou nos discos de vinil. Hoje faz-se tudo na internet, no youtube, no facebook, etc. Porém não posso deixar de apreciar o tempo do preto e branco, onde muito de bom se fez na televisão, apesar das ordens da "velha senhora", que com o seu lápis azul tudo controlava.

Tenho pena que a era digital não tenha aparecido no nosso Portugal mais cedo. Hoje as máquinas fotográficas têm o tamanho de um telemóvel e já nem usam rolo, o que fazia da fotografia um luxo a que muitos não podiam chegar. Basta agora um simples cabo de dados para passar as imagens para um computador e arquivá-las onde bem entendemos.

Apesar de me dizerem o contrário não me acho fotogénico, mas gostaria realmente de ter fotografado alguns momentos da minha vida, especialmente no meu tempo de estudante universitário. Restam-me meia dúzia de fotos que a custo lá conseguiram fazer-me posar para elas.

A primeira máquina fotográfica digital comprei-a já neste século e ainda a tenho algures, guardada numa gaveta qualquer ou numa prateleira a ganhar pó. É um aparelho muito básico mas já dá para escolher a resolução, reduzindo porém o espaço disponível na memória interna, já que externa é uma miragem naquele modelo. Agora utilizo a do telemóvel, aliás acabo por o utilizar mais como máquina fotográfica do que como aparelho para fazer chamadas, certamente não serei o único.

Imagino o que seria voltar atrás no tempo e tirar fotografias a alguns ídolos que gostava de ter conhecido. O Max é claramente um deles, mas não posso de deixar de referir a Amália Rodrigues, Alfredo Marceneiro, a saudosa Hermínia Silva de que sou um grande fã, o Vasco Santana e o Ribeirinho, sem esquecer o António Silva e tantos outros que ficaram lá atrás e que são memórias apenas. Enfim, sonhos que nunca serão cumpridos, a não ser que consiga inventar uma máquina do tempo, o que acho totalmente improvável.




Livro

Depois de muita insistência por parte de alguns mais atentos deste espaço, resolvi escrever um livro. Ou melhor, tentar escrever já que não tenho a presunção imediata de o conseguir terminar. A verdade é que o primeiro capítulo já está escrito e espero que os restantes saiam com alguma rapidez.

Ao contrário do que eu julguei, escrever uma obra completa dá muito mais trabalho, já que pela primeira vez vou fazê-lo para um público, mesmo que, não saia sequer do papel para o mundo. Sim, estou a escrevê-lo à mão, pois é desta forma que me sinto mais concentrado.

Não sei como os outros escritores fazem mas eu já tenho tema, o elenco, o desenvolvimento e o final idealizado. Falta porém passar para o papel as ideias e arrumá-las, contando com a experiência de alguns autores que li recentemente e que considero modelos interessantes a seguir.

Pela primeira vez fiz alguma pesquisa, facto que altera a velocidade normal da minha escrita, o que introduzirá referências históricas exactas de um passado recente. Confesso que "Ilha de Metarica - memórias da guerra colonial" acabou por se tornar fonte de inspiração e posso avançar que a história que estou a escrever tem também como pano de fundo o continente africano.

Deixo dois excertos, pode ser que agucem curiosidades ou que me tragam novas ideias ao vê-los publicados.

"António era homem repeitado na pequena aldeia... situada na Cova da Beira... Não se lhe conhecia outra ambição além do seu desejo persistente em proporcional a educação necessária aos três filhos, que os afastasse daquela vida de tanto trabalho e tão poucos proveitos."

"No mesmo ano que António fora mobilizado para o Ultramar já Francisco Amado por lá andava. Sargento, militar de carreira...mas era conhecido o seu interesse por Babetida, mulher da tribo balanta que se perdeu de amores pelo homem branco..."




sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Uno

Apagou-se a lâmpada da iluminação pública que ilumina a minha porta de entrada...





... sinal que não estás cá.



segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Desafio

Não sou rapaz para me entusiasmar com esses desafios que ao longo dos anos têm aparecido na blogosfera. Não que eu seja contra, mas não gosto de responder a questões que estão mais do que respondidas no meu blogue, basta que o leiam.

Fui desafiado pelo Francisco e desta vez sinto-me na obrigação de aceitar a proposta que me fez. Porém não nomearei ninguém, pois não me acho nesse direito. Tal como escrevi, nomear alguém é admitir que não acompanho o respectivo blogue e isso é algo que não pretendo fazer.

As questões são:

1. Como surgiu a ideia de criar o blogue?

Este blogue veio no seguimento de um outro que foi a minha estreia neste mundo virtual blogueiro, "diário de um desconhecido: Eu". Decidi que o blogue anterior já não teria o mesmo interesse devido à evolução natural que tive, pelo que um novo blogue, com uma cara nova seria o mais adequado para que eu não perdesse o gosto que tenho pela escrita.

2. Como surgiu o nome dado ao blogue?

Desde o início que pensei em dar um nome totalmente diferente, porém o facto de ser Ribatejano e de me ter mudado para o Oeste acabou por se tornar o nome mais que apropriado.

3. Qual a publicação que te é mais especial?

Se dissesse que todos as publicações são igualmente especiais não estaria a ser verdadeiro. A verdade é que existem algumas publicações que acabaram por ser mais desafiantes, principalmente porque sei que serão lidas (por um punhado de descuidados) e comentadas.

4. Há algum segredo relacionado com o blogue que ainda não tenha sido revelado?

Os segredos têm vindo a ser revelados aos poucos, embora eu ache que nem todos dão por isso. Acho que os segredos aparecem consoante as publicações. Mas este blogue é como as receitas mais bem guardadas, há sempre um segredo e mesmo que não haja é de melhor que os outros pensem que existe.

5. O que te entusiasma da blogosfera?

Saber que existem autores bem mais interessantes que eu, almas boas que tal como eu gostam de dar a conhecer ao mundo o que de bom lhes sai dos neurónios. Entusiasma-me ainda a minha necessidade em evoluir mais, em aprender com quem anda há mais tempo nisto e gosto de provocar as mesmas sensações em quem me acompanha e que tal como eu começou da forma básica e que vai subindo a escada da sabedoria.


domingo, 28 de setembro de 2014

A Ilha...

... que junta as gerações.


Uma noite, vinte almas... preciso escrever mais?



segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Gravata

O meu Oeste está mudado.

Lembrei de escrever este texto ao passar pela sede de concelho vizinha àquele onde moro. Dois rapazes, um com menos de 30 anos seguramente e o outro talvez já pela minha idade, andavam pela rua. Reparei nas indumentárias e nas obrigatórias gravatas de tais trajes.


Já se torna mais fácil tentar perceber quais as profissões que por estas bandas ainda obrigam à tradicional gravata: advogados, um médico mais formal, solicitadores, um motorista de um qualquer ministério da capital, um político talvez (raro nos dias normais, a gravata, não o político).


O Oeste colocou de lado a gravata, aquela peça que quase todos os homens deviam usar noutros tempos, desde o caixeiro de uma loja, ao dono de uma fábrica. Agora todos vestimos igual e gravatas, além das hipóteses já descritas, só as usam os agentes funerários, noivos ou convidados de festas oficiais. Torná-mo-nos todos mais iguais, bastado simplesmente deixar de usar gravata.


Já quase esqueci a última vez que me vi obrigado a usar tal peça estilosa, foi certamente nos tempos de estudante universitário, em que era peça obrigatória do traje oficial académico. Se fazer o nó era a tarefa mais complicada, andar com ela quase apertada ao pescoço só não era um fardo pois sentia-me bem com aquele fato preto, que de noite com a capa, mais parecia um morcego que uma pessoa.


Se me perguntarem se gosto de gravata respondo que sim, desde que as mesmas estejam presas aos pescoços correctos.





sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Pedido formal de desculpas

Peço desculpa aos meus "assinantes" mas não tenho tido muita paciência para retribuir a leitura dos seus blogues. Prometo fazê-lo em breve, com o tempo que cada um merece.

Obrigado


domingo, 7 de setembro de 2014

Ditados

"Quem parte e reparte e fica com a pior parte ou é burro ou não tem arte"


Não tem nada a ver com o que me vai no pensamento agora mas facilmente o alteraria. Não o farei pois acusar-me-iam de ser o habitual lamechas do universo blogosférico.

Poderia dar mil e uma pistas, como diz o povo, a verdade é que nem vale a pena perder tempo com isso, pois os entendedores das meias palavras facilmente chegarão à conclusão que uma vez mais me encontro no tão gasto tema das minhas publicações.

Ter sorte e não a procurar é sem sombra de dúvida o que mais por aqui passa. Já buscar a sorte é algo que me transcende, tanto que nem sequer a consigo alcançar.

Quando finalmente encontro uma razão aparentemente viável para mudar de assunto, logo há um embate em sentido contrário, deitando por terra todas as ambições e incertezas futuras. Só resta levantar-me da poltrona e mudar de canal à mão, pois parece que o comando apesar de ter pilhas novas, pára sempre no mesmo canal e já estou a ficar farto de sentir as mesmas imagens.

Restam-me as lamechices, as lágrimas virtuais, os sonhos azarados, as palavras lançadas ao vento, esperando que as leve a algum lugar em que por magia tudo mude. Se bem que a magia só acontece em alguns sonhos, tudo não passa de uma simples ilusão, tão bem representada por quem sabe da poda.


PS: Felizes são os que têm gatos, pelo menos com esses há a certeza de que serão sempre selvagens. Fazem-se apenas de domesticados, só para enganar os papalvos dos donos e apreciadores.


sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Arroz

Quando me levantei já o polvo estava descongelado. Por surpresa minha afinal eram dois pequenos e não um, como seria de esperar. Coloquei-o a cozer, só com cebola, alho e azeite, como mandam os Poveiros. Juntei umas folhas de louro e um piri-piri seco, como manda a minha consciência. Não gosto de polvo duro mas a desfazer-se também não, prefiro senti-lo na boca dando uso aos dentes.

Um bom Chef desenrasca-se sempre, mesmo quando um dos ingredientes principais do arroz de polvo está quase no fim, o arroz precisamente. Juntei massa esparguete partida aos pedaços pequenos. O arroz e a massa cozem com tempos diferentes mas não importa, quando o arroz já está bem cozido, empapado, e a massa quase no ponto, junto os pedaços de polvo. Deixo aquecer bem, ferver e tapo o tacho apagando o lume logo de seguida. Deixo suar e está pronto a servir.

Vai ser o meu almoço, daqui a alguns minutos.


Fotografia póstuma


quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Agricultura

Assumo aqui publicamente que decidi deixar a minha modéstia de parte e que me comprometi a escrever um dos melhores textos até hoje publicados, neste meu espaço, que no fundo considero também de todos os que por cá passam algum tempo das suas vidas. Corro o risco calculado, de receber um elogio que quem há muito me acompanha e que, por diversas vezes, me tem dito que sou digno de figurar numa das suas prateleiras, no meio de outros nomes, em forma de livro. Capitão JR, desta não me safo.

O que vou escrever será um misto de invenção, talvez mais real do que alguma vez presenciei, com memórias do meu tempo de criança, tempo em que eu julgava ser um rapaz normal e feliz.

Esta tarde de verão (nr: foi escrito na passada quinta-feira), com o céu coberto de nuvens mas com um calor certo, apenas atenuado pela aragem que já se faz sentir, trouxe-me à memória acontecimentos de outros tempos, relacionados com a agricultura, com o trabalho do campo. "Vai acima... vai abaixo... Vai acima... vai abaixo". Seria mais ou menos desta forma que o encarregado do pessoal dava o mote para o movimento das enxadas, que nas mãos calejadas dos cavadores, cumpriam o dever para o qual tinhas sido forjadas. Uma fila quase interminável de homens, lado a lado, já suados, davam uma nova forma à terra, quantas vezes ressequida pelo calor dos dias. Trabalhava-se de "sol a sol" só com paragem para as refeições, normalmente com muita "sustança", gordura, para dar força ou ainda para a necessária hidratação.

Lembro o meu avô materno, cuja morte foi a causa da diminuição da minha felicidade juvenil (só mais tarde retomada pelo nascimento dos meus sobrinhos), na sua fazenda, quantas vezes em conjunto com a minha avó, a cavar a terra, dando o ar às cepas que mais tarde seriam transformadas em vinho, por meio da sua fruta. Também cavava o chão onde semearia as alfaces, o feijão verde, os tomateiros e outras sementes que com a magia da natureza se transformavam em riquezas vegetais necessárias à subsistência.

O meu avô era dono de um motocultivador com reboque, que o auxiliava em algumas tarefas e que foram as suas pernas, o seu modo de deslocação para todo o lado. Longe ia o tempo da carroça puxada por um macho, do qual já não me lembro, sabendo apenas da sua existência através de uma velha fotografia ainda a preto e branco.

Em vinte anos muito mudou na lida do campo. É mais fácil, dizem alguns; dá mais trabalho, dizem outros, talvez aqueles que no fim das contas têm mais razão. Existem hoje mil e um apetrechos a auxiliar o agricultor. Um bom tractor tanto corta erva, como a junta, a carrega, a enfarda, a transporta para o celeiro, tudo com alfaias diferentes. Confesso que às vezes faço uma complexa ginástica mental para tentar perceber para que serve este ou aquele apetrecho.

O velho esmagador de uvas que havia no lagar do meu avô, ainda com funcionamento manual, foi uma das boas memórias que ficaram alojadas no arquivo interno que é o meu cérebro. Hoje a vindima até já se faz com uma máquina, afastando as mãos e tesouras dos cachos de uvas. Arrefece-se o mosto nas adegas para controlo da temperatura e melhoria da qualidade e os homens já não entram nos velhos depósitos de betão para procederem à lavagem necessária, usando agora cubas em inox, o último grito da tecnologia vitivinícola. Com sorte, alguns vinhos fazem estágio em barricas de madeira, para ganharem o gosto daquele natural material.

Trabalha-se de noite nos tempos que correm. Dizem os entendidos que é durante a noite que a pulveriza é mais eficaz, que o trabalho com o tempo mais fresco tem outro rendimento e que as frutas ganham mais qualidade.

Uma ameixieira do meu avô tinha o tamanho de uma casa e aquele tecto de folhas verdes e ameixas grandes amarelas eram a minha perdição. Apetecia subir pelo tronco e ficar a passear pelos grossos ramos, colhendo as melhores peças de fruta, aquelas que cresciam bem lá no alto, doces mas com aquele sabor um pouco amargo da casca, que resultava numa mistura agradável. Antes de eu saber que era nas Beiras que a cereja era rainha e senhora, já eu brincava com aqueles brincos, embora não fosse na altura um grande apreciador de tão bom fruto. E junto ao poço, uma parreira dava sombra e cachos de uvas doces, que chupava e ficava a apreciar todos os sabores.

O trabalho era duro e quantas vezes o resultado não era o esperado. Não haviam seguros e a conservação limitava-se às conservas e não estava disponível para todos os produtos. Consumia-se assim o que era da época e quando o tempo pregava partidas, a fome poderia ser convidada indesejada.

No pequeno quintal junto à casa, a par da garagem das alfaias agrícolas, da pocilga onde se criava o porco e até a rústica casa-de-banho (a vulgar cagadeira), laranjeiras faziam sombra às coelheiras e ao galinheiro, havendo ainda espaço para uma pequena horta, onde não faltavam alfaces, couves e tomate, pimentos e pepinos, ervas aromáticas. O poço comum a duas famílias e as casotas dos cães albergavam-se no telheiro, onde junto à telha vã, caixas de madeira serviam de ninhos aos pombos que ainda borrachos seriam ingrediente principal da canja, assados no forno ou tão bem arranjados na frigideira pelas maravilhosas mãos da minha avó.

Fazia-me um pouco de confusão o facto da minha casa não ter forno, mas podia contar com o pão que um familiar preparava à sexta-feira à noite e cuja massa deitada no forno no dia seguinte. O forno era na altura o mais importante "electrodoméstico" da casa. Não conheci padeira como a minha avó materna e a sua técnica de amassar só com uma mão, não seria a única razão para que o pão ficasse sempre bem, delicioso, ao ponto de comermos "pão e dentes", quentinho, sem precisar de qualquer outro ingrediente adicional, como manteiga, azeite ou açúcar. Aquela técnica de preparação da massa era a verdadeira prova da força da minha avó. Pudera a muitos homens, força idêntica não faltar.

Na eira malhavam-se os cereais, o feijão e as favas já secas, as ervilhas e os tremoços, estes depois cozidos e comidos pelos santos. Descamisava-se o milho, havendo a tradição do "milho rei", tendo quem o encontrasse a oportunidade de dar um beijo a todos os elementos solteiros, os do sexo contrário, criando-se afectos e muitas vezes laços para a vida.

Na época do trigo, a velha debulhadora funcionava dia e noite, movida pelo velho tractor, que pela sua idade deixava adivinhar quando deixaria de funcionar. Separava o trigo do joio e enfardava a palha, que viria a ser cama e comida de inverno para os animais. A debulhadora é uma máquina magnífica que ainda hoje me fascina, mesmo já sendo rara no campo, tão raro como o trigo já se torna por estas bandas. Os adultos afastavam-me daquela mistura de pó, palha, barulho e da confusão atarefada de quem alimentava aquele equipamento desengonçado, madeira que chiava constantemente, pedindo lubrificação.

O domingo era dia santo e pela manhã, o meu avô, tal como tantos outros, sentava-se à mesa e com um pincel e sabão, cobria a cara de espuma e cortava a barba, sob o meu olhar atento e o do bichano que junto a mim se mantinha. Depois uma viagem até à freguesia vizinha, a poucos quilómetros, cujo transporte era o habitual motocultivador. Andava devagar mas sabia bem aquela brisa na cara, que sentia ao ficar sempre levantado agarrado ao cavalete, a conversar com o condutor. Naquele centro urbano adquiriam-se alguns mantimentos e os produtos químicos necessários à lavoura. Colocava-se a conversa em dia: as mulheres junto à mercearia ou à porta da igreja, depois do serviço dominical; os homens na barbearia ou na taberna.

Recordo agora com a nostalgia normal esses pequenos momentos do meu tempo de criança, aumentados agora pela saudade de quem já partiu. Momentos que ficaram lá atrás e que já não serão revividos. Muito mais havia a contar, mas a noite já chegou e a luz pública já não chega para iluminar o que os meus olhos precisam de ver.


PS: Se houver algum erro estão à vontade para denunciar. Com a ânsia de publicar até esqueci de fazer a correcção necessária.

PS2: Já corrigi... penso eu de que...






Coisas que odeio

Queimar os dedos enquanto cozinho.

          Queimar a língua com comida muito quente.

                    Trincar um lábio enquanto mastigo.

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

leitura

Confesso que gostaria de saber mais sobre a década de sessenta e dos anos loucos do início da década seguinte, em relação à história deste nosso pequeno rectângulo à beira do mar plantado. Nasci quatro anos depois de um dos mais marcantes momentos da história recente, o dia em que os portugueses se viram livres do jugo de quem os tentara silenciar turante mais de quarenta anos. Podia ter nascido mais cedo pois era essa a vontade da minha mãe, contrariada pelos pensamentos um pouco rudimentares do meu pai. Não me deu tempo para o conhecer nem sequer para lhe poder fazer as perguntas que muitas vezes ficam em mim à espera da resposta que nunca virá.

Esta crónica que estou a escrever vem, ao contrário do meu nascimento, antes de tempo. Estava reservada para outro dia, mas por vezes as ideias avolumam-se dentro da minha cabeça na ânsia de quererem saltar cá para fora. Como não quero dores de cabeça desnecessárias, fiz-lhes a vontade e antes mesmo de me sentar à mesa para finalmente jantar, aqui estou a lançar na blogosfera mais alguns dos meus disparates... e outras coisas mais importantes.

As décadas que referi no início do texto foram as mais sangrentas da nossa história recente. A guerra assolou as colónias ultramarinas, terras que não eram de gente branca mas que foram sendo protegidas, como se fossem património próprio. E eram, pelo menos no pensar da altura ou principalmente antes de pais terem visto partir os seus filhos para protegerem o que não conheciam, mas que até então consideravam seu. A guerra é mesmo assim, tolda a vista fazendo ver coisas que até então não estavam ao alcance de todos.

Este palavreado todo vem de encontro com o real motivo pelo qual aqui estou, a leitura de um livro escrito por um amigo, que com a sua mestria literária relata as suas memórias daquelas paragens que um dia teve que proteger, mesmo não sendo desejo seu, antes pelo contrário. Um beirão, que em 1971 parte para terras distantes, ao desconhecido, em direcção aos horrores que na verdade eram escondidos para os habitantes da metrópole. Afinal esconder era a maior façanha de outros tempos.

Não sabia o que esperar de um livro de memórias sobre a guerra, principalmente por conhecer pessoalmente o autor, embora eu seja apenas um miudo e ele um amigo recente. Se por um lado esperava ler sobre os horrores, por outro esperava uma versão mais soft sobre o assunto. Encontrei uma bela história real, que me apaixona a cada página, a cada palavra cheia de significado e de autor.

Não cheguei ao fim do livro ainda, o que acontecerá possivelmente ainda esta noite, mas espero apenas encontrar mais do que até agora encontrei. De ressaltar o facto do livro conter algumas informações adicionais que são muito importantes para melhor se perceber o que se passou naquela altura em particular.

Recordo conversas que tenho mantido ao longo do tempo por diversos homens que, tal como o meu amigo, lutaram por um sonho que não era seu. Há quem esconda o que lá viveu. Há quem conte de forma romanceada o que de romance nada teve. E existem aqueles que não conseguem esconder ainda hoje todo aquele mal que por lá viveram. Podia contar aqui uma ou duas histórias de quem viveu em primeira pessoa esses horrores, mas não cabe a mim fazê-lo. Possivelmente não passarão de memórias orais, que cairão no esquecimento, a bem das gerações futuras.

A Ilha de Metarica, um livro de João Carlos Roque.




quarta-feira, 30 de julho de 2014

terça-feira, 29 de julho de 2014

Uma surpresa à porta de casa

E este é só meu!


E o melhor de tudo é que eu tenho o contacto telefónico do autor, caso me surja alguma dúvida. loool


segunda-feira, 28 de julho de 2014

No meu Oeste

No meu Oeste não existem guerras, pelo menos aquelas que abrem telejornais e que mesmo reprovadas por todos, continuam a acontecer.

No meu Oeste não caiem aviões, aqueles que provocam confusões internacionais e que tal como as guerras, aguçam a curiosidade que quem não se mete nesses aparelhos diabólicos.

No meu Oeste não existem escândalos bancários, não existem aqui sedes de instituições bancárias que arrisquem o que não é seu.

Afinal o meu Oeste parece ser uma pasmaceira. Não basta a previsão de abundância das colheitas que se aproximam, para constarem sequer nas primeiras páginas de jornais locais, porque até esses se preocupam mais com as grandes notícias dos outros. Não bastam as festas e romarias que por esta altura colocam as mais pequenas comunidades na "boca do povo". Nem tão pouco as matrículas estrangeiras, daqueles que teimam em voltar, ano após ano, ao sítio que os viu nascer ou crescer, as suas raizes.

O meu Oeste não é só praia, tem campo, gente humilde, verde, serras, eventos desportivos. Cada pomar apresenta a sua própria riqueza, cada fiada de videiras um prenúncio de um bom vinho, que irá escorregar pelas gargantas de quem saiba apreciar esse néctar dos Deuses. Campos de pasto que são cortados e que fornecerão comida e cama ao gado, principalmente no inverno. São oiro os campos de trigo que ainda povoam aqui e ali. Os girassóis compõem a paisagem, o verde serpenteado pelo amarelo das suas pétalas, sempre em busca do rei sol.

O meu Oeste, aquele que se observa do alto da Serra do Montejunto e que se perde no horizonte é vida. Ladeado pelo imponente Ribatejo e pelo Atlântico no lado oposto. E os altos e baixos geológicos dão ainda mais alegria ao território, cortado por auto-estradas e estradas de ferro, obras do homem quantas vezes mal pensadas e geridas. Mas o povo aqui se mantém, um misto de coragem e de falta de aventura, medo de ir para outras paragens ou apenas a esperança de que a vida melhore.

É assim o meu Oeste. Esta zona que sempre me atraiu e que acabei por adoptar. É este o meu Oeste.


terça-feira, 22 de julho de 2014

Triste...

... não é uma pessoa ter que se esconder. Triste é uma pessoa não ter com quem conversar.


quarta-feira, 16 de julho de 2014

Ditado

"Quem não tem cú, não se mete a paneleiro"


segunda-feira, 14 de julho de 2014

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Mensagem...



Não há sinal de satélite que me permita telefonar. Nem sequer existe electricidade na bateria do telemóvel e muito menos uma tomada onde possa ligar o carregador. Aqui na ilha tudo é mínimo, por isso espero que a ondulação tenha a força e a orientação correcta para te entregar esta mensagem, que vai dentro de uma garrafa, a última forma que encontrei para tentar contacto.

Quando rumei para esta ilha não pensava o quão só me iria um dia sentir. Sempre pensei ser suficiente para mim próprio e só agora entendo que estava errado. Deve ser porém tarde demais, pois já deves ter encontrado uma nova aventura, sinal que esta mensagem chegou tarde.

Pensando bem, qualquer outra aventura é melhor que aquela do qual acabei por fugir. Não te mereço. Nem sequer mereço qualquer sinal de carinho ou piedade pelas minhas escolhas erradas. Sempre te disse que eu não era a metade da tesoura que completa a tua outra metade. Mas mesmo assim quiseste apostar e eu não soube dar o real valor desse acto.

Aqui estou, tão sozinho como o meu subconsciente sempre soube que seria o meu destino final, perdido numa ilha, no meio deste oceâno, que nem sequer aparece nas cartas náuticas conhecidas. É o meu prémio e talvez a minha penitência.

Eternamente...

terça-feira, 8 de julho de 2014



Ai Guarda Peixoto... leva-me de boa vontade ou terei que cometer um crime?!


segunda-feira, 7 de julho de 2014

vinte mil

Poderia comemorar as


visitas aqui ao espaço.


Nãaaaa... vou deixar para quando chegar ao quarteirão.

Às vezes no silêncio da noite...

Tantas vezes dou por mim a pensar que o silêscio se torna cada vez mais insuportável. Afinal, faz-me um pouco de confusão não ouvir nada, especialmente quando se repete todos os dias.

Gostava de poder ouvir mais do que o som que vem do despertador ou das melgas que voam em meu redor, em busca da melhor área da minha pele para picarem e me sugarem aos poucos.

Já nem a coruja das torres que aqui morava ao lado eu ouço. Tantas vezes a amaldiçoei que acho que deve ter migrado para uma outra ruína qualquer. Apenas um latido de um cão ao longe, por vezes, corta o desconcertante som do silência.

É verão. É nesta altura que o silêncio é interrompido pelas festas das aldeias em volta. Agora é a da sede de freguesia, que deixou de o ser devido à última reforma administrativa. Passam das duas da madrugada e lá tenho que ouvir, involutariamente, a mísica em altos berros. O pior é que as palavras chegam à minha casa com uma nitidez tal, que acho sinceramente que os que ainda por lá resistem nem as devem o sentir da mesma forma.

Esta termina esta noite, mas a próxima inicia dentro de três dias. É mais longe mas invariavelmente parecerá ser aqui à porta.

Não sou contra as festas de verão mas raios, um homem também precisa de dormir. Oh silêncio sagrado!


segunda-feira, 30 de junho de 2014

Afinal...

"Cada dia que passa, tão igual ao anterior, parece ser apenas mais uma continuação de algo que deveria ter já cessado de existir."

Seria assim o início de mais um texto literário, caso eu soubesse desenvolver uma ideia que parece ser tão descabida de sentido. Escrever sobre todos os dias que parecem ser tão inconfundíveis entre si, demonstraria apenas o marasmo do real destino que os meus escritos aparentam, de forma tão desconcertada, seguir.

Calor. É isso que sinto mesmo nos dias mais frescos, uma verdadeira primavera fora de época. Talvez o cansaço ou apenas a aparente preguiça, me façam pensar nos dias como se realmente fossem importantes. Não o são para o fim desejado, apenas para o avançar da idade, que me faz apenas pensar em todos os momentos passados, especialmente aqueles em que uma aparente alegria, ocupava pelo menos um par de horas.

Até as nuvens passam, assim diz o povo. Não passa porém esta incontornável vontade de fazer melhor cada vez que aqui me perco. Na realidade, nesta inconfundível verdade, pouco aprendo. E assim, aos poucos, talvez até a uma velocidade demasiado rápida, me vou perdendo em ideias sem sentido, mais do mesmo.

Comecei a semana com uma estranha viagem ao passado, recordando memórias que esperava não existirem sequer na minha biblioteca de momentos já vividos. Foi quase intenso, não tanto como as dores nas pernas que restaram, sinais de que me mantenho em movimento. Quero voltar a sentir tal sensação, talvez sejam emoções assim que me façam voltar à realidade e a curiosidades antigas.

Contínuo assim, sempre igual e no entanto com uma leve sensação de que já mudo um pouco. O futuro a Deus pertence.


sexta-feira, 27 de junho de 2014

Questão

Como dizer a uma pessoa, educadamente, que o que ela está a precisar é de sexo?!

Oh coisa dificil...

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Recordar António

Dou comigo muitas vezes a pensar o que seriam hoje aqueles que deixaram este mundo cedo demais. Que diferença poderia cada um ter feito na sua área de actividade, que modelos poderiam hoje ser.



Recordo António, não o santo que hoje se comemora, o da trilogia de santos que protegem Lisboa, pelo menos na alma de cada um dos seus habitantes, mas o outro, aquele que por ironia do destino se findou no dia do casamenteiro. António Joaquim Rodrigues Ribeiro, um amarense que decidiu partir para a capital, onde aprendeu a profissão de cabeleireiro, profissão mal vista pelos aclamados "machos latinos" da altura. Mas foi no panorama musical que este António mais se destacou, principalmente pelas suas músicas quase tão loucas como o seu irreverente aspecto.

António deixou-nos há trinta anos. Deixou-nos acima de tudo uma maravilhosa memória musical, que contínua a encantar as gerações. Muitos foram os que fizeram versões das suas músicas, reconhecimento alto da importância do que nos delegou para sempre.

Hoje recordo o António... o Variações.


quinta-feira, 22 de maio de 2014

Pão

A minha cabeça aparenta mais idade do que o Cartão de Cidadão atesta eu ter. Saí do emprego e fui ao supermercado comprar pão... e não é que me aviei doutros artigos e esqueci o precioso alimento? Só me apetece é bater com a cabeça na parede para ver se resulta em algo bom.

Experimentei há algumas semanas atrás um pão indiano, cozido na chapa e até ficou bom. Desta vez decidi-me por uma receita de pão Pita. Aproveito enquanto a massa cresce para vir aqui contar mais esta loucura. Nunca se sabe se não sai melhor que o costume (leia-se sempre que eu faço uma nova receita).



O outro blogue vai de "vento em popa". Já publiquei dois textos e o terceiro está quase acabado. Ando a escrever freneticamente, como a adivinhar semanas de falta de inspiração, pelo que tenho de aproveitar enquanto a vontade dura. rsrsrs


terça-feira, 20 de maio de 2014

Novo blogue

1000 páginas de um livro

Podem vê-lo aqui



domingo, 18 de maio de 2014

escritos

          (...)

Perguntas se te amo e respondo.

"Foi essa a pergunta que fiz a mim próprio dezenas, centenas de vezes. E tantas vezes quase decidi que seria apenas um desvario de juventude. No entanto lembrava esses teus olhos que sempre penetram na profundidade dos meus, os teus cabelos que sempre sonhei massajar com os meus dedos, essa boca onde sempre desejei me perder. Todas as dúvidas voltavam à minha cabeça e no meio de tantas noites sem dormir, a resposta final acabava invariavelmente por ser sempre a mesma. Não consigo viver sem ti e se isso não é amor não sei o que será. Resta-me apenas, após todas as tuas recusas, a esperança de deixar que esse sentimento se desvaneça e passe a ser apenas mais uma cena do passado, deste filme que é a minha vida."

Olhas-te me uma vez mais e questionas se poderias impedir que esse amor desaparecesse, se não irias tarde demais.

Respondo que não cabe a mim dizer, mas sim ao tempo.

          (...)

terça-feira, 13 de maio de 2014

Tarde

Convidei a Dama de Espadas para sair. Queria aproveitar esta tarde primaveril da melhor forma. Fomos até ao limite da terra e avistámos o mar, cujas águas, acicatadas pelo vento, mostravam quase toda a sua fúria.

Parei o carro e agarrei-me com suavidade à minha companheira. Quem estivesse de fora e não nos conhecesse pensaria facilmente que estariamos com comportamentos menos próprios. Afinal era apenas a força do vento que ao embater a superfície do coche fazia-o tremer. Não nos fizémos velhos ali e de novo as rodas de borracha se acharam no piso betuminoso.

Na volta deu-me um desejo de gaja: ir às compras. A despensa já exigia atenção pelo que o supermercado foi a primeira paragem, para comprar alguns bens essenciais. Mas não chegou. Ainda pensei ir mais longe mas acabei por encurtar caminho e aterrar numa loja oriental. Umas coisinhas para a casa apenas.

Na loja seguinte acabei por comprar aquelas camisolas que a minha mãe há tanto tempo me exige e que a forretice normalmente impede de satisfazer esse desejo, se bem que já me farto de ver sempre aquele gordo ao espelho com camisolas iguais às minhas.

Volto para casa escolhendo um caminho fora do normal. Entro e colo-me ao fogão que já andava tristonho, com saudades das minhas invenções gastronómicas. O príncipe canino cá do castelo é o primeiro a banquetear-se, só depois aqui o aio trata de si. Não sem antes aqui vir e escrever umas linhas.





domingo, 11 de maio de 2014

Um final de domingo

Sento-me no sofá, abro um livro de Mário Zambujal e ouço Celine Dion. Leio metade da história enquanto o CD dá a segunda volta. Incrivelmente começo a imaginar o resto da história, como se tivesse sido criada por mim. Não é para me gabar mas com algumas adaptações, assemelho-me muito àquele estilo literário. É claro que não me pretendo comparar ao "batido" Mário Zambujal, mas a semelhança é incrível.

Presunção e água benta, cada um toma a que quer - acho que me vou embriagar rapidamente.



quinta-feira, 8 de maio de 2014

Fiquei com ciumes...



... quando percebi que os teus olhos preferiram a paisagem.


terça-feira, 15 de abril de 2014

Diferença

A grande diferença entre uma auto-estrada e as outras é que no caso da primeira não existem atalhos ou surpresas.


Dizem que a vida é uma estrada local em que existem muitas rotas possíveis para se chegar ao mesmo lugar e cada uma delas é repleta de surpresas e/ou aventuras.


Existe quem prefira as auto-estradas mas acabam sempre por ter medo da velocidade e do preço a pagar.


Estranhos os caminhos...


segunda-feira, 7 de abril de 2014


No meu tempo de estudante universitário era assim que se desistia de um exame. O professor já não se dava ao trabalho de o corrigir e acima de tudo de lançar uma nota, que seria negativa.

É recordando esse tempo que chego à conclusão que está na hora de mudar. Parece que a blogosfera se tornou obsoleta, pelo menos é o que dizem os entendidos na matéria, eu limito-me a concordar com essa ideia por vezes, nas outras sou um defensor ferrenho.

Neste espaço que nunca considerei só meu e que começou a ser preenchido em 19-11-2011, foram publicadas 306 mensagens (contando com esta), que deram lugar a 1 645 comentários (os meus incluídos) e mais de 18 500 visitas (se bem que umas 15 mil devem ter sido minhas).

Não irei longe já que não me vou afastar completamente deste movimento virtual bloguístico, passarei apenas a ser mais um incógnito (alguns dirão até cobarde), tentando aprender o que muitos ainda têm a ensinar, só que ainda não deram por isso.

Um novo projecto está na calha, mais um para a minha colecção. Darei notícias.



PS: Não esperem que se trate apenas de mais um título como aconteceu para o conto "Conta Encerrada", que por enquanto se mantém unicamente com dois capítulos.




domingo, 6 de abril de 2014

Afastamento



Olho para trás e recordo momentos que teimo em não reviver. Aos poucos vou-me afastando daquelas situações que me faziam sentir bem. Fico inerte, quase completamente congelado nesta minha nova vida, se é que posso considerar como algo novo.

Tenho a sensação que os prazeres de outros tempos, esses que me faziam passar horas no mundo virtual, ficaram num diário há muito não escrito. Parece que as palavras já não me fazem imaginar ou simplesmente não me inspiram. Acho que tanto mudou... ou mudei eu apenas.

Voltei ao tempo em que tudo começava e quase tudo ficou na prateleira do esquecimento, apanhando pó e à espera de uma simples continuação ou um final derradeiro.

Uma fase, dirão alguns. Para mim apenas um afastamento.


sexta-feira, 28 de março de 2014

Conversa de caserna

Sargento A: Meu tenente, eu tenho uma coisa para lhe contar mas estou com um pouco de vergonha.
Tenente A: Diga lá meu sargento, sem medos.
Sargento A: Eu digo mas tem que prometer que não conta a ninguém.
Tenente A: Mau... é assim coisa tão séria?
Sargento A: É que a tenente C contou-me que a sargento D lhe confessou que o achou muito simpático na última saída de campo.
Tenente A: É normal meu sargento.
Sargento A: Pode ser, mas a verdade é que ela já sonha com a próxima saída... para o conhecer melhor...


Tenente A (pensando para si próprio): Se vocês soubessem...


domingo, 23 de março de 2014

Frutas

Não é a pizza que eu mais gosto pois é das pré-fabricadas, mas é sem dúvida a que tens os ingredientes mais a meu gosto: adoro ananás na pizza!




quarta-feira, 19 de março de 2014

Tarde quente

Este Ribatejano aproveita o resto da tarde disponível para andar de volta da horta. Já que vivo no campo e tenho um pedacinho de terreno, embora de pouca qualidade, aproveito para o cultivar.

Já plantei umas videiras, alfaces de duas espécies, pepinos, courgette, tomate chucha. Ainda há algum espaço, que deixo para as ervas de cheiro. Já tenho salsa, hortelã comum e menta, salva e vou semear coentros.

O limoeiro ainda está com mau aspecto mas os loureiros já têm folhas novas. O mais bonito de tudo são as brancas flores das ameixoeiras, que teimam a não dar grande coisa. A velha oliveira rebentou com força este ano e a árvore do vizinho compões o espaço.


Ah já me esquecia, adoro o tempo como está, já que me permite andar só de boxers dentro de casa.




segunda-feira, 17 de março de 2014

Romantismo


Comida romântica... massa em forma de coração.

looooooooooool


PS: Este ribatejano não percebe nada de romantismo. (pelo Provedor do blogue)




domingo, 16 de março de 2014

SOL PRIMAVERIL

Parece que finalmente a Primavera se tenta instalar, apesar do Inverno ainda se fazer sentir durante a noite. Português que se preze, em especial o que vive no litoral, ao domingo ruma em direcção da costa, para observar este imenso Atlântico que dá sinais de fúria. Paro o carro e aproveito para escrever, enquanto tu baixas o banco e aproveitas para receber os raios de sol, de olhos fechados.

Está uma aragem fresca e as poucas gaivotas que se vêem aproveitam-na para fazer aquilo que mais gostam, voar. Lá em baixo, na praia, dois brincam com um pequeno cão. Penso que seja pequeno, já que, apesar da distância e do cansaço dos meus olhos, consigo ainda avaliar tamanhos.

Carros povoam, todos os recantos da costa. Para trás ficaram as filas de trânsito e a poluição sonora. Aqui só se ouve um ou outro pio das gaivotas e o mar a rebentar na areia.

Mexes-te no banco e às cegas pousas a tua mão na minha perna direita. Olho e vejo o teu sorriso, como se adivinhasses a minha reacção ao teu avanço. Percebo então que é tempo de parar de escrever e imitar-te. Temos que aproveitar este raro momento.



quarta-feira, 12 de março de 2014

Par

Tenho uma pequena obsessão por números pares.


Prefiro divisões com resto zero.



terça-feira, 11 de março de 2014

Criatividade

Mesmo em momentos menos bons há necessidade de se criar algo novo.


Mesmo que o aspecto não seja o melhor, posso comprovar, embora seja (muito) suspeito, que ficou bem saboroso.

Poderei considerar um prato quase vegetariano?


domingo, 9 de março de 2014

Actualidade

Pensei fazer uma publicação humorística, mas pensei melhor e resolvi não o fazer já que o bom humor por vezes não é bem entendido pelos outros. Infelizmente tem sido assim, mesmo a nível profissional.

Esta semana que passou, apesar da época carnavalesca, acabou por ter para mim um sentido quase completamente oposto. Estou farto de uma série de situações que vivo constantemente e só me apetece parar e gritar para que todos em minha volta ouçam.

Ainda o ano vai no primeiro trimestre e já tenho saudades das férias. Não que eu tenha disponibilidade financeira para mudar de ares, mas porque já estou farto de tanta chuva e já tenho necessidade de me dedicar ao castelo, que já me pede atenção.

Nunca tinha percebido o que uma simples palavra - relação - pode provocar na vida virtual social. Bastou experimentar esse estado no facebook e choveram mensagens. Foi uma brincadeira apenas, mas ainda deu para dar algumas gargalhadas.

O Afonso há muito que me pede para continuar a sua história. Se já tenho delineado o enredo quase na totalidade, não tenho tido a força suficiente para passá-la ao "papel". Está-se a tornar em mais um dos meus projectos sem fim à vista. Pode ser que as minhas musas me ajudem.

Odeio quando as pessoas opinam sobre a minha profissão, principalmente aquelas que não percebem que a tomada de decisão acarreta muitas vezes responsabilidade cível ou criminal. Políticos... que mais há a dizer?



quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Conversas à hora do almoço

Uma mesa com quatro colegas:

A - percebe de papel
B - percebe de palha
C - percebe de tecidos
D - percebe de queijo

Fala-se sobre queijo e todos parecem saber (ou têm mania apenas) ainda mais do que o que é especialista em queijo.

Facto interessante: Ninguém sabe que D percebe de queijo.

Moral da história: A conversa dá vontade de rir... só que D não quer dar nas vistas.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Conta Encerrada - parte 2

Se os primeiros dias tinham sido algo enfadonhos, agora quase não tinha tempo nem para coçar o nariz. O gabinete, situado no quinto andar do edifício bancário, tinha uma boa vista. Se se chegasse um pouco mais para a direita dava para ver um pouco do cais do ferry, do outro lado eram apenas prédios que faziam sombra ao seu. Menos mal, assim o calor não era tão intenso, pois gostava pouco de manter o ar condicionado ligado.

Já não sabia a cor do tampo da secretária, tão coberta de papéis que estava. Os processos amontoavam-se por toda a superfície e pelas prateleiras e móveis restantes. Atender um cliente era quase uma aventura, obrigando-o a mover a papelada de um lado para o outro, tentando no entanto não misturar as folhas, em especial aquelas que não estavam agrafadas e que de quando em vez caiam no meio das outras.

O crédito mal parado era o seu maior problema, especialmente quando tinha que aturar a choradeira de senhoras que se diziam indefesas, que se faziam acompanhar muitas vezes pelos ranhosos dos filhos, que agarravam em tudo o que estava à mão para fazerem aviões e outras traquinices. Afonso tinha que manter o seu semblante de acordo com cada uma das situações, era como se fosse um actor, apesar de não ter tido essa disciplina na licenciatura que tinha no currículo. E os pequenos empresários mentirosos não se deixavam ficar atrás, inventando mil e uma desculpas para que os prazos fossem alargados ou que os juros fossem renegociados.

A crise que se instalara no passado estava-lhe sempre na mente. Se por um lado sabia que eram maioritariamente desculpas esfarrapadas que lhe eram transmitidas naquela sala, haviam porém histórias verídicas que o faziam pensar profundamente. Gostava de poder ajudar quem lutava e não tinha sorte, mas essa não era a sua tarefa, era sim obter os fundos necessários para a boa saúde financeira do seu patrão.

À hora de almoço descia ao piso térreo onde funcionava um restaurante de fast-food. Escolhia normalmente o hambúrguer pois era a comida que lhe parecia mais saudável, mais não seja por ser acompanhada de alguma verdura. Bebia água normalmente pois o seu estômago era impressionantemente esquisito quanto a outras bebidas, especialmente as gaseificadas, já que as alcoólicas estavam reservadas unicamente aos seus tempos livres.

Almoçava sozinho, não que se desse mal com as colegas, simplesmente porque já lhe bastava ouvir falar dos problemazitos caseiros delas à hora do café. Estava farto de ouvir falar de detergentes, sapatos, malas de couro, maridos, filhos e de tantos outros assuntos que só elas gostam de falar. Sentia-se porém observado por vezes, enquanto trincava a sandes de carne lambuzada com molho de tomate. Seria a miúda da caixa que usava horríveis meias de riscas? Talvez aquele rapaz loiro que servia as bebidas e que de quando em vez lhe piscava o olho? Olhava em todas as direcções discretamente e não conseguia identificar quem poderia ser. Talvez fosse só impressão ou uma forma de tentar que a hora de almoço fosse menos rotineira.

Limpou os lábios, levantou-se com o tabuleiro e despejou-o no lixo. Acenou ao rapaz das bebidas que esboçou um sorriso de orelha a orelha e voltou ao trabalho. Os papéis esperavam.





terça-feira, 4 de fevereiro de 2014


Teria tomado uma má decisão? - pensava Afonso algumas horas após ter agido, possivelmente sem ter pesado as reais consequências que tal façanha acarretava. O dia começara com a normalidade do costume, solarengo, notando-se apenas uma pequena brisa que fazia deslocar suavemente as pontas dos velhos pinheiros que povoavam o lado de fora da sua janela. 

Levantou-se, cruzou o quarto e ainda de olhos meio abertos foi até à casa de banho, onde verteu as primeiras águas do dia e se colocou diante do espelho, para uma vez mais olhar para o estúpido que todos os dias, sem excepção, o mirava do outro lado daquela fronteira. Lavou os olhos ignorando o seu próprio reflexo, como querendo esquecer-se que o tempo passava e a jovialidade desaparecia aos poucos.

Trocou os habituais jeans e a camisola por uma vestimenta mais formal, afinal teria que se apresentar o melhor possível para aquele que poderia ser o emprego da sua vida. Apertou o nó da gravata, que pensava já não saber fazer com tal perfeição e compôs o colarinho da camisa tão bem engomada pelas maravilhosas mãos da sua vizinha da frente, sua melhor amiga naquela terra desconhecida.

Quase estragou o momento não fora a sorte do pingo de geleia que inundava a fatia de pão integral ter caído alguns centímetros além do tecido das suas calças vincadas. Sentia que estava atrasado apesar de se ter levantado muito antes do que era normal, porém sair de casa sem comer estava completamente fora de questão e não seria naquele dia que mudaria de hábito.

Olhou em volta, pegou a carteira, colocou a mão no bolso direito para procurar o lenço, pegou as chaves, saiu de casa, sem antes fazer o sinal da cruz na sua cara, como que pedindo uma bênção especial para aquele dia. Assim que passou o velho átrio do prédio sentiu que tinha chegado à fronteira da civilização. A porta da rua era o último limite que separava o passado daquele futuro que se aproximava e que poderia ser brilhante ou não.

Foi o barulho da cidade que o acordou totalmente. Aquele lufa-lufa infernal obrigava-o a ficar atento, como se a cada passo o perigo ou apenas o desconhecido pudesse ser um ataque contra si próprio. Sentia-se porém à vontade naquele espaço, como se nunca tivesse estado longe dele, como se a ausência fosse apenas mais uma situação normal da sua vida.

Optara por deslocar-se de táxi até ao centro da cidade. Achou que seria perigoso ir tão bem aperaltado de autocarro ou no metro, sujeito à panóplia de odores desagradáveis que àquela hora da manhã já povoavam os apertados espaços disponíveis nos transportes públicos usuais.

Parou em frente à deslumbrante construção de dezenas de andares de altura. Olhou para cima tentando avistar um cume que parecia estar fora do alcance da vista, notando a face inferior das letras garrafais que anunciavam um dos maiores bancos do país. Engoliu em seco, ajustou o nó da gravata, apertou os dedos com força em redor da pega da sua pasta castanha escura e avançou em direcção à porta que se abriu assim que ficou a um par de metros da mesma.

Contínua...


segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Acordar

Acordo contigo no pensamento, acho que devo ter sonhado também. Porém, já de olhos meio abertos, no escuro do quarto, sinto a tua presença. Estás mesmo ali ao lado, ouço-te. Esforço-me para sentir de que lado estás mas uma barreira eleva-se entre nós. Ainda te ouço, apenas um som mais abafado. É então que percebo que aos poucos vais desaparecendo, deixando apenas uma recordação da tua passagem. Um som interrompido mas constante, metálico. É apenas um pingo a bater na caixa do correio e tu chuva foste embora mas com promessa de volta. És fonte de vida, não passo sem ti e no entanto preferia que me abandonasses por algumas semanas.


domingo, 2 de fevereiro de 2014

Uma noite especial

Em casa, uma boa comida, um bom vinho...


... e sozinho.


quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Pensamentos culinários

Prefiro cabeças de alho com dentes grandes. Além de darem menos trabalho a descascar é mais fácil de picar. Não tenho desses no momento na minha cozinha, pelo que me dei ao trabalho de descascar uns dez e cortá-los às rodelas. Já dentro do tacho, cobri o fundo com o azeite e três folhas de louro cortadas ao meio. Adoro o sabor do louro e é sem sombra de dúvida um dos meus temperos favoritos.

Quando o alho alourou juntei umas rodelas de chouriço cortadas ao meio, para dar algum sabor ao refogado. Juntei uma lata de cogumelos cortados, desses mais baratos, já que sendo para mim não há necessidade de me armar em fino. Lavei o resto da polpa de tomate da garrafa com vinho branco e deitei dentro da mistura.

É nestas alturas que a minha mente imagina mil e uma formas de continuar o cozinhado. Opto por três batatas cortadas em cubos pequenos, já que custam um pouco a cozer, sem as descascar sequer. Deixo levantar fervura, após ter junto um pouco mais de água e meio cubo de caldo de peixe. Aqui é que o prato começa a ficar estranho.

As batatas fervem um pouco e em cima da bancada já esperam duas postas de bacalhau que cortei em pequenos pedaços. Coloco os nacos na fervura, junto um pouco de picante e pouco depois salsa picada grosseiramente. É só esperar que as batatas cozam totalmente. Apago o lume, cubro o tacho e deixo assentar.

Sirvo-me mas acabo por voltar a colocar uma parte da dose no tacho novamente. Além de não precisar de comer tal quantidade, fica mais para o almoço de amanhã. Acompanho com uma bordinha de pão e com meio copo de tinto. Acabo a refeição com uma maçã e dois pedacinhos de chocolate culinário.

Pego na caneca de chá que fiz enquanto jantava e sento-me junto ao computador. A vontade era de fazer um comentário político, optei por uma receita culinária, tema que fica melhor neste espaço de reflexão.

Mando uma mensagem a alguém especial, pergunto quando iremos jantar de novo. Faz-me falta conversar um pouco, deixar as letras para quem está longe, reservando para quem está perto as palavras sonoras. Não sei se haverá oportunidade, o tempo e a vontade é que mandam.