Este blogue tem conteúdo adulto. Quem quiser continuar é risco próprio; quem não quiser ler as parvoíces que aqui estão patentes, só tem uma solução.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Conversas à hora do almoço

Uma mesa com quatro colegas:

A - percebe de papel
B - percebe de palha
C - percebe de tecidos
D - percebe de queijo

Fala-se sobre queijo e todos parecem saber (ou têm mania apenas) ainda mais do que o que é especialista em queijo.

Facto interessante: Ninguém sabe que D percebe de queijo.

Moral da história: A conversa dá vontade de rir... só que D não quer dar nas vistas.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Conta Encerrada - parte 2

Se os primeiros dias tinham sido algo enfadonhos, agora quase não tinha tempo nem para coçar o nariz. O gabinete, situado no quinto andar do edifício bancário, tinha uma boa vista. Se se chegasse um pouco mais para a direita dava para ver um pouco do cais do ferry, do outro lado eram apenas prédios que faziam sombra ao seu. Menos mal, assim o calor não era tão intenso, pois gostava pouco de manter o ar condicionado ligado.

Já não sabia a cor do tampo da secretária, tão coberta de papéis que estava. Os processos amontoavam-se por toda a superfície e pelas prateleiras e móveis restantes. Atender um cliente era quase uma aventura, obrigando-o a mover a papelada de um lado para o outro, tentando no entanto não misturar as folhas, em especial aquelas que não estavam agrafadas e que de quando em vez caiam no meio das outras.

O crédito mal parado era o seu maior problema, especialmente quando tinha que aturar a choradeira de senhoras que se diziam indefesas, que se faziam acompanhar muitas vezes pelos ranhosos dos filhos, que agarravam em tudo o que estava à mão para fazerem aviões e outras traquinices. Afonso tinha que manter o seu semblante de acordo com cada uma das situações, era como se fosse um actor, apesar de não ter tido essa disciplina na licenciatura que tinha no currículo. E os pequenos empresários mentirosos não se deixavam ficar atrás, inventando mil e uma desculpas para que os prazos fossem alargados ou que os juros fossem renegociados.

A crise que se instalara no passado estava-lhe sempre na mente. Se por um lado sabia que eram maioritariamente desculpas esfarrapadas que lhe eram transmitidas naquela sala, haviam porém histórias verídicas que o faziam pensar profundamente. Gostava de poder ajudar quem lutava e não tinha sorte, mas essa não era a sua tarefa, era sim obter os fundos necessários para a boa saúde financeira do seu patrão.

À hora de almoço descia ao piso térreo onde funcionava um restaurante de fast-food. Escolhia normalmente o hambúrguer pois era a comida que lhe parecia mais saudável, mais não seja por ser acompanhada de alguma verdura. Bebia água normalmente pois o seu estômago era impressionantemente esquisito quanto a outras bebidas, especialmente as gaseificadas, já que as alcoólicas estavam reservadas unicamente aos seus tempos livres.

Almoçava sozinho, não que se desse mal com as colegas, simplesmente porque já lhe bastava ouvir falar dos problemazitos caseiros delas à hora do café. Estava farto de ouvir falar de detergentes, sapatos, malas de couro, maridos, filhos e de tantos outros assuntos que só elas gostam de falar. Sentia-se porém observado por vezes, enquanto trincava a sandes de carne lambuzada com molho de tomate. Seria a miúda da caixa que usava horríveis meias de riscas? Talvez aquele rapaz loiro que servia as bebidas e que de quando em vez lhe piscava o olho? Olhava em todas as direcções discretamente e não conseguia identificar quem poderia ser. Talvez fosse só impressão ou uma forma de tentar que a hora de almoço fosse menos rotineira.

Limpou os lábios, levantou-se com o tabuleiro e despejou-o no lixo. Acenou ao rapaz das bebidas que esboçou um sorriso de orelha a orelha e voltou ao trabalho. Os papéis esperavam.





terça-feira, 4 de fevereiro de 2014


Teria tomado uma má decisão? - pensava Afonso algumas horas após ter agido, possivelmente sem ter pesado as reais consequências que tal façanha acarretava. O dia começara com a normalidade do costume, solarengo, notando-se apenas uma pequena brisa que fazia deslocar suavemente as pontas dos velhos pinheiros que povoavam o lado de fora da sua janela. 

Levantou-se, cruzou o quarto e ainda de olhos meio abertos foi até à casa de banho, onde verteu as primeiras águas do dia e se colocou diante do espelho, para uma vez mais olhar para o estúpido que todos os dias, sem excepção, o mirava do outro lado daquela fronteira. Lavou os olhos ignorando o seu próprio reflexo, como querendo esquecer-se que o tempo passava e a jovialidade desaparecia aos poucos.

Trocou os habituais jeans e a camisola por uma vestimenta mais formal, afinal teria que se apresentar o melhor possível para aquele que poderia ser o emprego da sua vida. Apertou o nó da gravata, que pensava já não saber fazer com tal perfeição e compôs o colarinho da camisa tão bem engomada pelas maravilhosas mãos da sua vizinha da frente, sua melhor amiga naquela terra desconhecida.

Quase estragou o momento não fora a sorte do pingo de geleia que inundava a fatia de pão integral ter caído alguns centímetros além do tecido das suas calças vincadas. Sentia que estava atrasado apesar de se ter levantado muito antes do que era normal, porém sair de casa sem comer estava completamente fora de questão e não seria naquele dia que mudaria de hábito.

Olhou em volta, pegou a carteira, colocou a mão no bolso direito para procurar o lenço, pegou as chaves, saiu de casa, sem antes fazer o sinal da cruz na sua cara, como que pedindo uma bênção especial para aquele dia. Assim que passou o velho átrio do prédio sentiu que tinha chegado à fronteira da civilização. A porta da rua era o último limite que separava o passado daquele futuro que se aproximava e que poderia ser brilhante ou não.

Foi o barulho da cidade que o acordou totalmente. Aquele lufa-lufa infernal obrigava-o a ficar atento, como se a cada passo o perigo ou apenas o desconhecido pudesse ser um ataque contra si próprio. Sentia-se porém à vontade naquele espaço, como se nunca tivesse estado longe dele, como se a ausência fosse apenas mais uma situação normal da sua vida.

Optara por deslocar-se de táxi até ao centro da cidade. Achou que seria perigoso ir tão bem aperaltado de autocarro ou no metro, sujeito à panóplia de odores desagradáveis que àquela hora da manhã já povoavam os apertados espaços disponíveis nos transportes públicos usuais.

Parou em frente à deslumbrante construção de dezenas de andares de altura. Olhou para cima tentando avistar um cume que parecia estar fora do alcance da vista, notando a face inferior das letras garrafais que anunciavam um dos maiores bancos do país. Engoliu em seco, ajustou o nó da gravata, apertou os dedos com força em redor da pega da sua pasta castanha escura e avançou em direcção à porta que se abriu assim que ficou a um par de metros da mesma.

Contínua...


segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Acordar

Acordo contigo no pensamento, acho que devo ter sonhado também. Porém, já de olhos meio abertos, no escuro do quarto, sinto a tua presença. Estás mesmo ali ao lado, ouço-te. Esforço-me para sentir de que lado estás mas uma barreira eleva-se entre nós. Ainda te ouço, apenas um som mais abafado. É então que percebo que aos poucos vais desaparecendo, deixando apenas uma recordação da tua passagem. Um som interrompido mas constante, metálico. É apenas um pingo a bater na caixa do correio e tu chuva foste embora mas com promessa de volta. És fonte de vida, não passo sem ti e no entanto preferia que me abandonasses por algumas semanas.


domingo, 2 de fevereiro de 2014

Uma noite especial

Em casa, uma boa comida, um bom vinho...


... e sozinho.