Este blogue tem conteúdo adulto. Quem quiser continuar é risco próprio; quem não quiser ler as parvoíces que aqui estão patentes, só tem uma solução.

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Pensamento

Procurar num ninho de ratos um guarda para o queijo... realmente não parece ser o local certo.


domingo, 6 de novembro de 2016

Almoços de família...

... com pessoas que não conheço e possivelmente não voltarei a ver: odeio.

Mas pronto, lá tive que fazer o esforço, por razões maternais.


sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Aquelas tardes em que o mar se confunde com o céu



Está assim nesta tarde de final de Outubro, em pleno Outono. Daqui donde me encontro o mar apresenta uma calma aparente, mas o som é inconfundível. As ondas batem na areia e a espuma branca forma uma orla, qual renda de um pano de cozinha, separando a areia da água.

As eternas vigilantes desta costa não se dão a ver no céu, sinal de tempestade, tal como prevê o velho provérbio popular. Gaivotas em terra... e calma nos meus pensamentos. O desejo de aqui estar foi maior que o medo à tempestade.

Está quente, marca o termómetro vinte graus, temperatura quente para quem já deseja que o frio obrigue a mudar a roupa dos armários. Os poetas já o desejavam há mais tempo, o amor das suas composições aquece muito mais durante o tempo frio. Como é que eu sei? Porque também um dia pensei ser poeta.

Uma leve aragem, um presumível ensaio para o vento que se espera para a noite, aumentando a acção do frio aos nossos corpos, aquela sensação que manda os dentes de baixo baterem nos seus irmãos, aqueles que rodeiam o céu, da boca.

Aqui dentro, no habitáculo da minha montada, o meu veículo de quatro rodas e motor a combustão interna, não se sente tanto a aragem, sinto-me protegido embora ansioso de sair e deixar as partículas baterem na minha pele exposta.

O mar revolto mantém-se lá em baixo, ruidoso, furioso com a terra, chicoteando-a com as suas partículas molhadas, essas que arrastam os grãos de areia que povoam a superfície onde o mesmo mar se desloca.

Só tenho a agradecer ao mar, a esse grandioso Atlântico, que uma vez mais me trouxe a saudosa inspiração, que alimenta as células cinzentas que povoam o meu interior craniano.

Mudo de página neste velho caderno quadriculado, base onde deposito a tinta que escorre pela esferográfica, formando letra a letra estas palavras, que no seu conjunto tentam formar frases com algum sentido. Dizem alguns que consigo esse sentido com alguma facilidade, já eu, na minha franca modéstia, achou que sou apenas um sortudo, que consegue mesmo com um pouco de azar por vezes, criar textos com algum interesse.

Uma gaivota aventura-se, levantou voo como se quisesse contrariar a minha previsão. Só uma apenas... como eu a compreendo... sim. Tantas vezes sou o tal que tenta contrariar certas tendências, interesses instalados em mentes desconfiadas, de gente que se diz inteligente. Talvez seja eu o parvo e nunca tenha dado por isso.

A luz, aos poucos, cria a fronteira que divide o dia da noite. Daqui a menos de uma semana notar-se-á que o lusco-fusco surgirá mais cedo, resultado da conversão temporal da hora de Inverno, essa maluca estação sinónima de frio, chuva e escuridão.

Penso seriamente se terei coragem de transcrever estas palavras para o moderno formato digital. Caso alguém esteja a ler, é sinal que a vontade de avançar superou o desejo de manter estes pensamentos no meu caderno de escritos pessoais, íntimos. Sorte (ou azar) de quem os leia.

Doem-me os dedos, resultado desta má posição em que me encontro no momento, sem uma base sólida para pousar o caderno. A mão obriga o pulso a manter-se no ar, uma certa dormência ataca-me a base do mindinho, perdendo a sensibilidade. Não me queixo, é apenas o resultado desta vontade de escrever à mão, como memória de outros tempos onde a informática era apenas um sonho de juventude.

Mudo de posição no banco, olho o mar, algumas nuvens menos densas deixam passar alguma luminosidade, amarelada, de final de dia. Já a ira do mar não sofreu qualquer alteração. É esse meu velho amigo rezingão a lembrar-me que ainda por ali está.

Duas luzes na imensidão agora cinzenta escura: uma branca num pequeno barco de pesca; outra vermelha, no alto do farol, guiando os marinheiros para a segurança da terra, do lar de cada um. Desejo que cada um desses bravos homens chegue em segurança aos braços de quem os espera no quente dos seus lares: as ansiosas mulheres, sempre com o coração na boca e os filhos, essa descendência a que desejam sempre melhor sorte.

A falta de luz puxa pelos meus olhos, visão já cansada, sinal que é o momento certo para parar de escrever.

Algures na costa Oeste, 26-Outubro-2016