Este blogue tem conteúdo adulto. Quem quiser continuar é risco próprio; quem não quiser ler as parvoíces que aqui estão patentes, só tem uma solução.
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sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Aquelas tardes em que o mar se confunde com o céu



Está assim nesta tarde de final de Outubro, em pleno Outono. Daqui donde me encontro o mar apresenta uma calma aparente, mas o som é inconfundível. As ondas batem na areia e a espuma branca forma uma orla, qual renda de um pano de cozinha, separando a areia da água.

As eternas vigilantes desta costa não se dão a ver no céu, sinal de tempestade, tal como prevê o velho provérbio popular. Gaivotas em terra... e calma nos meus pensamentos. O desejo de aqui estar foi maior que o medo à tempestade.

Está quente, marca o termómetro vinte graus, temperatura quente para quem já deseja que o frio obrigue a mudar a roupa dos armários. Os poetas já o desejavam há mais tempo, o amor das suas composições aquece muito mais durante o tempo frio. Como é que eu sei? Porque também um dia pensei ser poeta.

Uma leve aragem, um presumível ensaio para o vento que se espera para a noite, aumentando a acção do frio aos nossos corpos, aquela sensação que manda os dentes de baixo baterem nos seus irmãos, aqueles que rodeiam o céu, da boca.

Aqui dentro, no habitáculo da minha montada, o meu veículo de quatro rodas e motor a combustão interna, não se sente tanto a aragem, sinto-me protegido embora ansioso de sair e deixar as partículas baterem na minha pele exposta.

O mar revolto mantém-se lá em baixo, ruidoso, furioso com a terra, chicoteando-a com as suas partículas molhadas, essas que arrastam os grãos de areia que povoam a superfície onde o mesmo mar se desloca.

Só tenho a agradecer ao mar, a esse grandioso Atlântico, que uma vez mais me trouxe a saudosa inspiração, que alimenta as células cinzentas que povoam o meu interior craniano.

Mudo de página neste velho caderno quadriculado, base onde deposito a tinta que escorre pela esferográfica, formando letra a letra estas palavras, que no seu conjunto tentam formar frases com algum sentido. Dizem alguns que consigo esse sentido com alguma facilidade, já eu, na minha franca modéstia, achou que sou apenas um sortudo, que consegue mesmo com um pouco de azar por vezes, criar textos com algum interesse.

Uma gaivota aventura-se, levantou voo como se quisesse contrariar a minha previsão. Só uma apenas... como eu a compreendo... sim. Tantas vezes sou o tal que tenta contrariar certas tendências, interesses instalados em mentes desconfiadas, de gente que se diz inteligente. Talvez seja eu o parvo e nunca tenha dado por isso.

A luz, aos poucos, cria a fronteira que divide o dia da noite. Daqui a menos de uma semana notar-se-á que o lusco-fusco surgirá mais cedo, resultado da conversão temporal da hora de Inverno, essa maluca estação sinónima de frio, chuva e escuridão.

Penso seriamente se terei coragem de transcrever estas palavras para o moderno formato digital. Caso alguém esteja a ler, é sinal que a vontade de avançar superou o desejo de manter estes pensamentos no meu caderno de escritos pessoais, íntimos. Sorte (ou azar) de quem os leia.

Doem-me os dedos, resultado desta má posição em que me encontro no momento, sem uma base sólida para pousar o caderno. A mão obriga o pulso a manter-se no ar, uma certa dormência ataca-me a base do mindinho, perdendo a sensibilidade. Não me queixo, é apenas o resultado desta vontade de escrever à mão, como memória de outros tempos onde a informática era apenas um sonho de juventude.

Mudo de posição no banco, olho o mar, algumas nuvens menos densas deixam passar alguma luminosidade, amarelada, de final de dia. Já a ira do mar não sofreu qualquer alteração. É esse meu velho amigo rezingão a lembrar-me que ainda por ali está.

Duas luzes na imensidão agora cinzenta escura: uma branca num pequeno barco de pesca; outra vermelha, no alto do farol, guiando os marinheiros para a segurança da terra, do lar de cada um. Desejo que cada um desses bravos homens chegue em segurança aos braços de quem os espera no quente dos seus lares: as ansiosas mulheres, sempre com o coração na boca e os filhos, essa descendência a que desejam sempre melhor sorte.

A falta de luz puxa pelos meus olhos, visão já cansada, sinal que é o momento certo para parar de escrever.

Algures na costa Oeste, 26-Outubro-2016


sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Estranho

Estranho é ultimamente sentir necessidade de me esconder daqueles que deviam ser tão compreensivos como eu. Pessoas que são tão iguais a mim e no entanto parecem querer transparecer o contrário.


segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Gravata

O meu Oeste está mudado.

Lembrei de escrever este texto ao passar pela sede de concelho vizinha àquele onde moro. Dois rapazes, um com menos de 30 anos seguramente e o outro talvez já pela minha idade, andavam pela rua. Reparei nas indumentárias e nas obrigatórias gravatas de tais trajes.


Já se torna mais fácil tentar perceber quais as profissões que por estas bandas ainda obrigam à tradicional gravata: advogados, um médico mais formal, solicitadores, um motorista de um qualquer ministério da capital, um político talvez (raro nos dias normais, a gravata, não o político).


O Oeste colocou de lado a gravata, aquela peça que quase todos os homens deviam usar noutros tempos, desde o caixeiro de uma loja, ao dono de uma fábrica. Agora todos vestimos igual e gravatas, além das hipóteses já descritas, só as usam os agentes funerários, noivos ou convidados de festas oficiais. Torná-mo-nos todos mais iguais, bastado simplesmente deixar de usar gravata.


Já quase esqueci a última vez que me vi obrigado a usar tal peça estilosa, foi certamente nos tempos de estudante universitário, em que era peça obrigatória do traje oficial académico. Se fazer o nó era a tarefa mais complicada, andar com ela quase apertada ao pescoço só não era um fardo pois sentia-me bem com aquele fato preto, que de noite com a capa, mais parecia um morcego que uma pessoa.


Se me perguntarem se gosto de gravata respondo que sim, desde que as mesmas estejam presas aos pescoços correctos.





segunda-feira, 28 de julho de 2014

No meu Oeste

No meu Oeste não existem guerras, pelo menos aquelas que abrem telejornais e que mesmo reprovadas por todos, continuam a acontecer.

No meu Oeste não caiem aviões, aqueles que provocam confusões internacionais e que tal como as guerras, aguçam a curiosidade que quem não se mete nesses aparelhos diabólicos.

No meu Oeste não existem escândalos bancários, não existem aqui sedes de instituições bancárias que arrisquem o que não é seu.

Afinal o meu Oeste parece ser uma pasmaceira. Não basta a previsão de abundância das colheitas que se aproximam, para constarem sequer nas primeiras páginas de jornais locais, porque até esses se preocupam mais com as grandes notícias dos outros. Não bastam as festas e romarias que por esta altura colocam as mais pequenas comunidades na "boca do povo". Nem tão pouco as matrículas estrangeiras, daqueles que teimam em voltar, ano após ano, ao sítio que os viu nascer ou crescer, as suas raizes.

O meu Oeste não é só praia, tem campo, gente humilde, verde, serras, eventos desportivos. Cada pomar apresenta a sua própria riqueza, cada fiada de videiras um prenúncio de um bom vinho, que irá escorregar pelas gargantas de quem saiba apreciar esse néctar dos Deuses. Campos de pasto que são cortados e que fornecerão comida e cama ao gado, principalmente no inverno. São oiro os campos de trigo que ainda povoam aqui e ali. Os girassóis compõem a paisagem, o verde serpenteado pelo amarelo das suas pétalas, sempre em busca do rei sol.

O meu Oeste, aquele que se observa do alto da Serra do Montejunto e que se perde no horizonte é vida. Ladeado pelo imponente Ribatejo e pelo Atlântico no lado oposto. E os altos e baixos geológicos dão ainda mais alegria ao território, cortado por auto-estradas e estradas de ferro, obras do homem quantas vezes mal pensadas e geridas. Mas o povo aqui se mantém, um misto de coragem e de falta de aventura, medo de ir para outras paragens ou apenas a esperança de que a vida melhore.

É assim o meu Oeste. Esta zona que sempre me atraiu e que acabei por adoptar. É este o meu Oeste.


segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Acordar

Acordo contigo no pensamento, acho que devo ter sonhado também. Porém, já de olhos meio abertos, no escuro do quarto, sinto a tua presença. Estás mesmo ali ao lado, ouço-te. Esforço-me para sentir de que lado estás mas uma barreira eleva-se entre nós. Ainda te ouço, apenas um som mais abafado. É então que percebo que aos poucos vais desaparecendo, deixando apenas uma recordação da tua passagem. Um som interrompido mas constante, metálico. É apenas um pingo a bater na caixa do correio e tu chuva foste embora mas com promessa de volta. És fonte de vida, não passo sem ti e no entanto preferia que me abandonasses por algumas semanas.


quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Transparência

Composição: Porque tenho andado afastado da blogosfera



Pela mesma razão que me tenho afastado de outras coisas.

domingo, 29 de dezembro de 2013

2013 a acabar

Pensei fazer um resumo do que de bom e mau aconteceu neste ano que está quase a terminar. Porém, como sou um pouco esquecido, o mais certo é não referir algumas das coisas que me aconteceram.

O ano começou com desgraças meteorológicas, afectando quase todo o país, em especial aqui a zona Oeste. Não foi a falta de electricidade que me marcou, mas de certo modo teve algo a ver com o "corte", um dos momentos mais marcantes que vivi.

O resto do ano foi praticamente igual. Diferente talvez a minha vontade de fazer praia, uma novidade na minha vida. Dois dias durante o verão, alguns já fora dele. O mar é presença constante na minha vida. Um ribatejano que não vive sem o mar (rsrsrs) é algo interessante, dirão alguns.

Não vou referir aqui os acontecimentos nacionais mais importantes, mas não posso esquecer a eleição de um novo papa, as mortes da Thatcher, do Mandela e de mais algumas personalidades de outras áreas. A crise que nos acompanha e que teima não nos deixar viver mais desafogadamente, a austeridade que está no pensamento diário, as contas que parecem aumentar e os recursos mais parcos.

Novos objectivos são traçados para o ano que se avizinha. A saúde está em primeiro lugar, já é tempo de me preocupar verdadeiramente enquanto posso, pois atingirei a idade em que tudo o que entra demorará mais a sair. Quero mesmo aprender a tocar guitarra, preciso de um passatempo que me afaste um pouco mais da televisão e até da internet; a par quero também apostar na leitura, pois é hora de poder discutir os assuntos que os outros também discutem e é nos livros que se encontram os melhores temas.

Quero continuar a apostar na amizade, pois é nesse campo que por vezes tenho alguma dificuldade. Abrir o espectro de amizades é assim uma forma de melhor aproveitar o tempo que me resta. "Amigo verdadeiro vale mais que o dinheiro."

Outros objectivos estão na "calha", mas esses estão reservados unicamente às páginas dos meus escritos mais secretos. Pode ser que um dia sejam revelados. Como dizia o outro, "às vezes é necessário manter o suspense e o segredo".

Resta-me apenas desejar um ano cheio de conquistas a quem inadvertidamente por aqui passa. Voltem sempre que quiserem, pois este espaço é aberto e é sempre bem vindo quem vier por bem. Um abraço especial ao meu blogue, para que continue a ser a companhia de que tanto gosto.

PS: Um abraço especial para o amigo Pinguim que me proporcionou um jantar de blogues, um dos momentos que realmente não poderei esquecer em 2013. Obrigado e que toda a felicidade te atinja em 2014!



quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Mitos



Com muita força de vontade os raios solares trespassaram a espessa camada de nuvens que cobria o céu. Quando tocaram a superfície da água espalharam-se e o mar, como que a gostar daquele calor, acalmou a fúria das ondas.

Aos poucos aquela mancha de luz reflectida foi-se aproximando e com ela sons que me enfeitiçaram a alma, fazendo-me cair num sonho e esquecer o mundo em redor.

Os sons não eram mais que o canto de duas sereias, que a partir do mar, lançavam em minha direcção. Fui totalmente enfeitiçado, já nem sentia o meu corpo, nem o frio que o vento transportava e flagelava todas as pequenas áreas de pele expostas, que a roupa não tapava.

Deixei-me ir ao som de tal encanto, como se toda a minha vontade tivesse sido roubada. Abri porém os olhos e deparei-me com o abismo, mais um passo e fundir-me-ia com as ondas do mar.

As sereias quando perceberam que as linhas do encanto tinham sido quebradas, pararam de cantar. Foi então que os raios solares começaram a perder as forças e uma vez mais as nuvens ameaçaram o céu. As sereias partiram e aos poucos a luz. Ganhou uma vez mais a força das nuvens e só então entendi que o abismo não é uma solução, mas apenas um atalho, em que o resultado final é unicamente uma triste e simples gota salgada.


Hoje, junto ao mar (16:53h)

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Quando...

... acordei já não estavas a meu lado.

A noite deve ter sido um pouco agitada, pois a almofada estava no chão.