Este blogue tem conteúdo adulto. Quem quiser continuar é risco próprio; quem não quiser ler as parvoíces que aqui estão patentes, só tem uma solução.

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Amizade

Sempre considerei que entre amigos pode de certa forma haver mais alguma liberdade. É claro que a falta de respeito não se deve ter com ninguém e muito menos com aqueles por quem temos muita consideração. Lembrei-me de escrever isto por causa de um caso que se passou entre mim e um amigo recentemente, que no seguimento de um mal entendido, do meu amigo, provocado por um abuso meu, houve um corte brusco naquilo que pensávamos ser uma amizade há muito consolidada.

Palavras menos próprias podem ter sido trocadas, apagados números de telefones, barreiras levantadas, um corte total nas relações. Porém, manifestou-se algum tempo depois, que afinal a amizade entre nós era, perdão é, realmente mais forte do que a intenção de nos afastarmos definitivamente. Pedidos de desculpas apareceram, promessas de consolidarmos o que sentimos mas ainda com mais respeito, em especial pela liberdade de cada um.

Retomámos assim o contacto e vamos aos poucos aproximando-nos novamente, com a esperança de mudarmos o necessário para que um novo corte, quem sabe se definitivo, não ocorra. Podemos assim voltar a sorrir, falar, brincar, encurtar distâncias, trocar conselhos e/ou idéias.

Fazem-me lembrar estas palavras de outras guerras que aconteceram em diversas épocas da história da humanidade. Se no presente caso não houve mortes, ficaram algumas feridas que mais tarde ou mais cedo estarão saradas. É este o verdadeiro significado da amizade, o perdão, a compreensão, o querer ser melhor e fazer o melhor pelo outro.


domingo, 16 de novembro de 2014

Vida

Saber que fiz o melhor que podia a um animal de estimação enquanto viveu já me deixa algum conforto.

Foram quase cinco anos de alegria. Terminaram quando acordei pela manhã e o pobre do animal já não respirava. No meu carro o fui buscar ao canil e no mesmo o levei para a morada final. Cumpri o meu dever.

Agora é seguir em frente e substituir aquela vida por outra. E que a sorte nos dê muitos anos de alegria.

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Voz

Já aqui deixei bem claro o meu interesse por coros. Acho que é uma das formas mais sublimes da música em que se usa o mais importante instrumento de todos, a voz. Confesso que gostaria de pertencer a uma formação deste tipo, embora considere que não canto bem, nem sequer em Março.





Blogosfera

Acho que posso dizer que a blogosfera faz-me pertencer a uma família de gente especial, que partilha interesses idênticos aos meus, em especial a escrita.

Hoje um membro da família está muito contente: Parabéns João!


Aniversário

Em breve este blogue comemorará três anos de publicações periódicas. Não é nenhum recorde já que existem muitos bons blogues que se mantêm no ar há mais tempo, proporcionando horas de prazer a quem os lê. Por outro lado tantos foram os que terminaram sem eu sequer dar por isso. Tenho pena por alguns, já que me ensinavam coisas boas. Que esses autores continuem com o "bichinho" e retornem a este modo de comunicação.

Costuma-se dizer que quem faz anos tem direito a um desejo, eu só desejo por cá continuar, na esperança de poder inspirar quem começou antes e que agora anda um pouco arredado destas andanças.


terça-feira, 11 de novembro de 2014

Momentos

Acho que nunca pensei tanto antes de escrever um texto neste espaço. Ando aborrecido com algumas coisas pelo que tenho medo do que possa acontecer nas próximas linhas. Uma dessas coisas deixa-me completamente de rastos, não por eu não saber que aconteceria, mas o quando e o como é que eram incógnitas. Não vale a pena falar do assunto, um dia destes publico o texto que escrevi esta manhã.

Este ano o tão desejado verão de S. Martinho ficou fechado numa gaveta do S. Pedro, aquele santo a quem praguejamos quando do céu caem os pingos tão indesejados ou quando as portas do céu batem com força, com tanta força que por vezes além do som até faz faísca. Se hoje houve uma pequena trégua, é bem possível que amanhã não tenhamos a mesma sorte. (enquanto escrevo este parágrafo dou conta que já chove)

A zona de Vila Franca de Xira anda na boca do povo. Legionella pra cá, legionella para lá, contaminação, doentes, mortes. Enchem-se as páginas dos jornais, tomam de assalto os telejornais e na internet fazem-se piadas sobre o assunto. Até já dizem que foram as acções provocatórias militares russas, que aproveitaram para cá deixar umas bactérias, só para nos chatear. Como se Portugal fosse um país de interesse para a poderosa Rússia.

Brincadeiras à parte e como somos um país sério, não a julgar pelas tristes cenas que pela casa da assembleia se passam, em especial por ministros que deviam respeitar quem lá mora e acima de tudo quem representam, Portugal contínua a mesma pasmaceira. Continua-se a perder tempo e dinheiro com escândalos financeiros, quando todos sabemos que não terá resultado prático algum.

Política. Não gosto muito de mexer com o assunto mas quando vejo o que se passa na cena política nacional até me dá vontade de vomitar. Então não é que o poder central corta as pernas às autarquias e depois ficam ofendidos quando os autarcas têm que arranjar maneira de amealhar uns extras para pagar as contas? Essa é boa. Afinal o que é que os senhores dos "cortes" têm feito nos últimos três anos?

Ouço músicas de outros tempos. Fazem-me lembrar momentos que já não voltam. Há quem chame a isso nostalgia, eu chamo-lhe memórias e foram elas que me ajudaram a crescer e a formar-me enquanto pessoa. Espero que exista neste mundo quem faça como eu, que aproveite o passado para se tornarem melhores pessoas no mundo. Porque a uma boa pessoa não basta sê-lo, há que parecê-lo também.


terça-feira, 4 de novembro de 2014

Verde

Acordo cedo e meio levantado olho pela janela e aprecio o céu. Está limpo e raios solares invadem o quarto, passando pelo espaço que o cortinado deixa disponível. Visto o equipamento, preparo o pequeno-almoço, a bebida energética. Calço as sapatilhas, fecho a fivela do capacete, envolvo as mãos em álcool e enfio-as dentro das luvas. Coloco o conta quilómetros a zeros e inicio a aventura de domingo.

Não sei porquê mas a minha imaginação nem sempre funciona como eu bem quero. Talvez a rotina diária seja a culpada, invadindo todos os espaços livres do cérebro, comandando os meus movimentos e as minhas vontades. Comecei a escrever uma das histórias mais interessantes, parei porém, não por falta de enredo, simplesmente parei. Anseio a vontade de continuar tão grande empresa, talvez o faça em breve.

Escolho caminhos conhecidos. Passo pela cidade e vejo o pouco movimentada que está. Pouco passam das oito da manhã e à excepção de alguns madrugadores que como eu aproveitam para esticar os músculos, todos ficam na cama até mais tarde. O meu organismo ainda se lembra que as dificuldades do terreno se ultrapassam com alguma destreza, como se eu nem precisasse de dar a ordem ou tomar a decisão mais acertada.

As semanas são sempre iguais. De casa segue-se para o trabalho. Almoço. Trabalho. Volto a casa, passando para comprar pão ou para ver as novidades na loja de bricolagem que está disponível, comparo preços e acabo por sair com uma coisa qualquer, algo que será utilizável um dia. O meu companheiro de quatro patas surge ao portão, saltita e ladra, como se eu tivesse voltado de uma viagem de vários dias. Faço-lhe as festas possíveis, lanço-lhe dois ou três piropos e entro em casa. O refúgio.

A nascente do rio está seca, sinal que o inverno ainda tarda. Resta-lhe as fontes que mais abaixo o alimentam e que o transformam numa estrada aquática, para patos. Atravesso-o e embrenho-me entre os eucaliptos que povoam os arredores. A partir dali é um constante subir e descer, caminhos que me fazem sentir ainda mais aventureiro. Não sigo por trilhos complicados, mas não me nego a alguma dificuldade. Um motociclista passa por mim, talvez perguntando-se o que faz uma bicicleta num trilho de motas.

Não vale a pena os senhores lá do palácio imporem o fim às tradições, contínuo a cumpri-la escrupulosamente. O Dia de Todos os Santos é passado em família, a que resta. Já não há "Pão Por Deus", porque já não devem haver pobres ou porque já ninguém se dá ao trabalho de perder tempo a enfornar tabuleiros de broas. Optamos por sair, comprar as flores e ir ao cemitério visitar os entes queridos, almoçar fora e ver o mar.

Ao fundo está a cidade, aquela onde cresci. Do sítio onde me encontro parece apenas um conjunto de blocos no fundo do vale. Até lá o verde da floresta e ao fundo a serra. Aprecio a paisagem que já quase não tem nada de natural. Antes onde haviam campos a perder de vista são agora fileiras de eucaliptos, a única árvore que ainda representa algum dividendo aos proprietários. Não sou completamente contra, já que assim existe alguma preocupação em manter a floresta limpa. Sou ambientalista mas como dizia um falecido historiador, podemos bem equilibrar o ambiente e as necessidades humanas.

Parece que o outono se instalou finalmente, tal e qual me lembro dele nos tempos de miúdo. Dias a chover. Frio. Trovoada. Parece que volto atrás e me lembro do fascínio que tinha ao ver a onda a descer a estrada, entrando em seguida nas valetas. O vento vergava as árvores lá no outeiro. O fumo das chaminés seguia direcções várias, sempre acompanhando o sopro do céu.

Já estou perto de casa, basta mais um esforço para percorrer o quilómetro mais complicado - o final. O branco das paredes que no verão reflectem a luz do sol já se vê. A garrafa de bebida energética já se encontra quase vazia. Só faltam mais umas pedaladas. Acabou. Arrumo a montada, tiro o equipamento suado e entro no chuveiro. Mais uma manhã de domingo bem passada.