Este blogue tem conteúdo adulto. Quem quiser continuar é risco próprio; quem não quiser ler as parvoíces que aqui estão patentes, só tem uma solução.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Romeu e Julião

Romeu e Julião tinham sido educados para se odiarem. As suas famílias eram inimigas mortais. O clã Capuleto, a que pertencia Romeu, há muito que queriam ter a importância política dos Mercúcio, família de Julião. Já na escola onde estivesse Romeu não podia estar o outro rapaz. Todo esse ódio inexplicável acabava por dividir toda uma escola. Até alguns professores embarcavam na loucura ancestral. Uns por familiaridade, outros por uma espécie de vassalagem.

No interior dos corações dos rapazes havia porém uma incerteza desconcertante. Se por um lado precisavam de cumprir a orientação e tradição familiares, por outro uma força incontrolável que os impulsionava a olharem para o outro lado daquele campo de batalha. A força aumentava a cada dia que passava. Mas o que poderiam fazer dois miúdos de 15 anos?

Estava uma tarde como tantas outras. As crianças brincavam no pátio da escola. Romeu e Julião, que se envolveram numa acesa discussão sobre assuntos de família durante a aula, estavam de castigo. O professor, apesar de não estar alheio a tal luta, posicionou-os na mesma mesa. Lado a lado.

A sala tremeu. Os livros caíram das prateleiras. A velha balança estatelou-se no chão de madeira encerado. Os miúdos só tiveram tempo de meterem debaixo da secretária e logo após sentiram que o mundo desabava.

Toda a escola tinha ruído e aqueles eram os únicos que tinham ficado dentro dela quando o sismo abalou todo o edifício. As famílias desesperavam e velhos ódios acenderam-se obrigando à intervenção policial, separando-os, impedindo que houvesse vítimas de luta, nada a ver com a desgraça que se tinha abatido por toda a vila.

Dois dias passaram até que finalmente os bombeiros conseguiram abrir um corredor, por entre os escombros, até à sala onde Romeu e Julião se encontravam. Debaixo da velha secretária de madeira, os dois rapazes, alheios ao que se passava do lado de fora, uniam-se para sobreviver. E no meio de tanta aflição, Romeu puxou Julião para si, abraçou-o e deu-lhe um beijo.

8 comentários:

miguel disse...

muito bem, gostei imenso.

Ribatejano disse...

E só levou dez minutos a escrever.

; )

m. disse...

espero que, quando 'abrir' um novo pixel, participes. está muito bom.

Ribatejano disse...

Margarida

O pixel é para quem sabe escrever. Eu sou apenas um curioso.

Francisco disse...

De facto, de noite tu revelaste muito bem XD

Ribatejano disse...

Francisco

Por acaso este texto foi escrito de manhã, já com o sol alto.

: D

João Roque disse...

Rapaz
não te faças de modesto. A Margarida tem carradas de razão e será indesculpável uma ausência tua num próximo concurso Pixel.

Ribatejano disse...

João Roque

Já é o segundo ultimatum que me fazes este ano. Tou tramado.

loooooooooool