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terça-feira, 16 de junho de 2015

Divagar

Começo este texto com um pedido de desculpas pela minha ignorância, afinal é o que vou demonstrar nas linhas que se seguem. E faço este pedido com pura consciência dos comentários que arrisco a ter.

Pareço ser um dos poucos portugueses que ao contrário dos demais, que andam com as cabeças demasiado tempo no ar, a achar que as notícias recentes sobre aqueles objectos que povoam o céu do nosso pequeno rectângulo luso, são realmente animadoras. Quer dizer, não me refiro aos pássaros mecânicos propriamente ditos, refiro-me à empresa que os detém e que finalmente terá uma sorte feliz ou pelo menos assim parece ser.


A maioria dos cidadãos deste país passa o ano inteiro a falar mal das suas vidas, em questões de crise económica e quando finalmente o accionista principal de uma companhia aérea, por acaso de capitais públicos, toma a decente decisão de passar as dívidas a outros, cai o "Carmo e a Trindade". Afinal parece que estamos a perder a "jóia da coroa", quando a dita não é mais que um sorvedouro dos nossos impostos.


Se por um lado o Estado deve dar o exemplo em termos laborais e sociais, é também o mesmo Estado, eleito democraticamente (é claro que eu sei que o governo é nomeado, nos termos da Constituição) que deve dar o exemplo em relação ao seu património. Se uma empresa que dá constante prejuízo é obrigada a fechar, porque não se fecha a companhia aérea, que tem acumulado passivo ao longo de tantos anos?


Dizem os entendidos e graças a Deus que não me considero um, que a administração da companhia deixa muito a desejar. Mas estarão os mesmos cientes que a maioria das companhias mundiais tiveram problemas económicos nos últimos anos? E que muitas acabaram por fechar ou ser absorvidas por aquelas que aguentaram o embate? A "nossa" aguentou pois o accionista é o Estado, que mais rápido ou mais lentamente acaba por pagar sempre as suas dívidas.


Entregar 61% de uma empresa com mais de mil milhões de passivo a um consórcio privado, com regras claras e aparentemente legais, tanto a nível nacional como comunitário e ao mesmo tempo fazer uma capitalização da empresa com capital privado é assim tão descabido? Oh meus senhores, tenham consciência no que dizem, que para disparates já muitos foram feitos e ditos no passado.


Não foi resultado da privatização da antiga Rodoviária Nacional que algumas aldeias do nosso Portugal profundo perderam tão precioso serviço. Foi apenas a desertificação e o progresso, que levou à compra de carro próprio em detrimento do serviço público que as empresas privadas prestam. É a prova cabal que "santos da casa não fazem milagres" ou seja, que os maiores interessados deixaram cair um serviço e depois ainda vieram à praça pública clamar pelo retorno do D. Sebastião dos autocarros.


Esta ideia "daninha" (agora parece que estou a falar de fado) que me surge vinda directamente das minhas células cinzentas, parece ser um apoio evidente à fábrica de sumo de laranja em pacotes azuis que governa o país, mas bem pelo contrário é apenas uma evidência da minha estupidez pré-eleitoral. Já diz o senhor Madeira que habita o Palácio de Belém, que é melhor deixar para depois das férias de verão, estes assuntos mais quentes. Eu prefiro opinar agora, já que o tempo parece ter arrefecido demasiado.


Espero que a transportadora se mantenha à tona e estou convencido que é bem possível que os "voadores" portugueses acabem por perceber que não iremos perder tão necessário serviço aéreo, afinal não estamos no tempo da outra senhora em que as companhias se contavam pelos dedos e que tinham que ser os governos a proporcionar tal serviço à população.


Acabe-se a sabedoria anti política actual e tente-se olhar o futuro com outros olhos, mesmo que os mesmos vejam apenas pequenas faixas horizontais, resultado de muitos arrozes ingeridos. Já perdemos tesouros bem mais preciosos e que possivelmente nunca serão recuperados, por culpa de cada um de nós que quantas vezes nos deixamos afundar nos sofás em vez de partirmos para a luta e sonharmos um pouco mais alto novamente. Não me acho exemplo credível mas acredito haverem aí muitos tesourinhos escondidos que serão boas surpresas num futuro próximo.


Valha-nos S. João e S. Pedro, que o Santo António já passou e parece não ter conseguido deixar juízo nas cabeças dos "iluminados". Valha-nos ainda o verão que em breve regressa para que o quente do ambiente queime apenas a pele e não as moleirinhas mais distraídas.


E acabou este testamento que já vai deixar mui boa gente de cabelos em pé.


terça-feira, 20 de agosto de 2013

O avião - parte 1

Tardiamente percebi que a tua ausência seria motivo suficiente para enlouquecer. Naquela manhã acordei e percebi que não estavas comigo. Que tonto fui. Podia ter largado tudo e com medo quiçá de mim próprio, deixei-te partir. Tomei um garrafão de coragem, enchi uma pequena mala de roupa e saí de casa. O banco estava apinhado naquela manhã. Dia de pagamento das reformas. Levantei quase todas as minhas economias deixando o gerente daquela dependência bancária de boca aberta. Já me conhecia há muitos anos e sabia o quão sovina eu sempre fora. Teria enlouquecido?

O trânsito estava anormalmente lento. E eu, que queria chegar rápido ao aeroporto, desesperava, cada vez que o taxista pisava o pedal dos travões. Praguejava para mim mesmo, ao contrário do motorista que, com a sua rudez, se esquecia constantemente que eu estava já ali atrás.

Entrei apressado por aquele espaço, que embora não me fosse desconhecido era a catedral da confusão. Apressei-me para a bilheteira e adquiri o tal bilhete de avião. Estava já à porta de embarque quando me lembrei que nunca tinha tirado os pés do chão. Queria voltar atrás. Afinal se Deus quisesse que eu voasse tinha-me mandado à terra como pássaro. Venci o meu medo pensando na razão que me tinha levado até ali, estiquei o peito e mesmo nervoso, disse para mim mesmo que o medo é coisa que não me assiste (onde é que eu já li isto?!).

Todo eu tremia, agarrado com todas as minhas forças ao banco. Quem me dera que aquele banco tivesse mais cintos, um só parecia-me pouco. Desejei que aquele voo fosse como aqueles que se vêm nos filmes de ficção científica, em que se adormece numa cápsula e só se acorda no destino. «É a primeira vez que voa?», perguntou-me a senhora que estava a meu lado. Com alguma dificuldade abri os olhos e visualizei aquela senhora idosa toda vestida de preto e branco. À primeira vista parecia um pinguim mas era apenas uma carinhosa freira. Pousou a sua engelhada mão sobre a minha e disse «Deus está connosco e nada de mal acontecerá!».

Afinal aquilo lá em cima não era o que eu pensava. Fitei um ponto no banco da frente e assim me mantive algum tempo. Uma voz doce saiu das colunas a avisar que teríamos que voltar a colocar os cintos. Voltar?! Eu nem sequer o tinha tirado ainda. Livra. Sentiu-se turbulência e fechei de novo os olhos. Todo o aparelho tremia e eu agarrava-me com todas as forças, quase fixando os meus joelhos ao banco da frente.


Quando voltei a abrir os olhos...

(to be continued)