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domingo, 22 de setembro de 2013

O final prometido

Chegou a hora de terminar um conto que escrevi recentemente e que já tinha publicado as seis partes iniciais, faltando unicamente duas. Republiquei todo o texto para dar algum nexo ao que faltava publicar. Peço perdão pelo "testamento" que vos deixo, mas podem sempre ler apenas o que vos interessar.



     Capítulo 1 – O avião

Tardiamente percebi que a tua ausência seria motivo suficiente para enlouquecer. Naquela manhã acordei e percebi que não estavas comigo. Que tonto fui. Podia ter largado tudo e com medo quiçá de mim próprio, deixei-te partir. Tomei um garrafão de coragem, enchi uma pequena mala de roupa e saí de casa. O banco estava apinhado naquela manhã. Dia de pagamento das reformas. Levantei quase todas as minhas economias deixando o gerente daquela dependência bancária de boca aberta. Já me conhecia há muitos anos e sabia o quão sovina eu sempre fora. Teria enlouquecido?

O trânsito estava anormalmente lento. E eu, que queria chegar rápido ao aeroporto, desesperava, cada vez que o taxista pisava o pedal dos travões. Praguejava para mim mesmo, ao contrário do motorista que, com a sua rudez, se esquecia constantemente que eu estava já ali atrás.

Entrei apressado por aquele espaço, que embora não me fosse desconhecido era a catedral da confusão. Apressei-me para a bilheteira e adquiri o tal bilhete de avião. Estava já à porta de embarque quando me lembrei que nunca tinha tirado os pés do chão. Queria voltar atrás. Afinal se Deus quisesse que eu voasse tinha-me mandado à terra como pássaro. Venci o meu medo pensando na razão que me tinha levado até ali, estiquei o peito e mesmo nervoso, disse para mim mesmo que o medo é coisa que não me assiste (onde é que eu já li isto?!).

Todo eu tremia, agarrado com todas as minhas forças ao banco. Quem me dera que aquele banco tivesse mais cintos, um só parecia-me pouco. Desejei que aquele voo fosse como aqueles que se vêm nos filmes de ficção científica, em que se adormece numa cápsula e só se acorda no destino. «É a primeira vez que voa?», perguntou-me a senhora que estava a meu lado. Com alguma dificuldade abri os olhos e visualizei aquela senhora idosa toda vestida de preto e branco. À primeira vista parecia um pinguim mas era apenas uma carinhosa freira. Pousou a sua engelhada mão sobre a minha e disse «Deus está connosco e nada de mal acontecerá!».

Afinal aquilo lá em cima não era o que eu pensava. Fitei um ponto no banco da frente e assim me mantive algum tempo. Uma voz doce saiu das colunas a avisar que teríamos que voltar a colocar os cintos. Voltar?! Eu nem sequer o tinha tirado ainda. Livra. Sentiu-se turbulência e fechei de novo os olhos. Todo o aparelho tremia e eu agarrava-me com todas as forças, quase fixando os meus joelhos ao banco da frente.

     Capítulo 2 – A porta

Quando voltei a abrir os olhos não vi ninguém. Mantinha-me no meu lugar mas a meu lado já não estava a freira e o avião parecia estar parado. Não se ouviam as turbinas e dentro do espaço havia uma espécie de nevoeiro. Uma voz doce. «Então vai ficar aí por muito tempo? Os outros já sairam». Virei a cabeça e vi talvez o rapaz mais bonito com quem já me tinha cruzado. Cabelos louros, ouro puro. Olhos azuis, profundos. Lábios rosados, carnudos. Nariz na proporção correcta, um sonho. Bata branca, imaculadamente lavada. «Já parámos?», perguntei. Aquela linda cabeça acenou. «Estamos à tua espera lá fora. Vem comigo».

Levantei-me surpreendentemente devagar. Afinal desde a altura que entrei naquere aparelho diabólico, que desejava sair o mais rápido possível. Cheguei à porta, não havia escada. «Mas como raios vou eu sair daqui? Onde está a escada?». Aquele jovem lindíssimo olhou para mim, pegou a minha mão e avançámos para o abismo. Contrariamente ao que eu esperava flutuámos suavemente até atingirmos um tapete tão imaculadamente branco como a bata e as asas do meu “transporte”. «Asas?! Mas afinal onde é que eu estou?!»

A paz invadiu todo o meu corpo. Quando abri os olhos quase gritei. Afinal era apenas a velha freira que me olhava de cima. «Então meu filho, que se passa?». «Onde é que estamos?». «No céu meu filho, no céu.». «No céu? Então não era suposto já estarmos no chão?!».

«Meus senhores, para quem ainda não tenha percebido, estão todos mortos. Isto é o céu e daqui a pouco chegará o transporte que os levará ao portão número 1. Para quem não saiba, o portão número 1 é guardado por S. Pedro. Tenham cuidado que nem sempre está de bom humor. Pudera... é dono de meio mundo lá na terra e está por aqui preso a guardar o portão do paraíso». Aquela voz rofenha, claramente de quem já fazia esta apresentação fazia alguns séculos, dava todas as indicações. «Crianças vão à frente e depois as mulheres. Os homens esperam e se não houverem lugares vão de pé.» Olhem, no céu também existem problemas com os transportes públicos. Será por causa da Troika?!

     Capítulo 3 – Espera

S. Pedro parecia visivelmente cansado quando me apresentei. Nem consegui dizer o meu nome pois interrompeu-me na hora. «Sei bem quem és! Está tudo escrito aqui no livro da vida e da morte.» Fitou-me. «Ora vamos a ver... filho de fulano e beltroa... católico... menos mau... solteiro... meia dúzia de pecados menores... umas multas de trânsito que já não serão pagas... parece que o banco perdeu um cliente... ficaste a dever no restaurante no Manuel?!» Corei. «Logo do Manuel? Um dos nossos bons fornecedores... que o meu patrão o perdoe.»

A sala estava bem decorada. S. Pedro mantinha-se junto a um velho computador resmugando. O software estava um pouco desactualizado e a velocidade da máquina deixava muito a desejar. Os dados pareciam estar correctos mas o cálculo não estava correcto. Constantemente aparecia uma mensagem, dando conta de um erro. «Raios para esta tecnologia. Onde é que eu guardei o manual de instruções?! Ah, está aqui junto à Biblia.» S. Pedro abriu um pequeno volume de papel já amarelecido e procurou no índice a página dos erros. Ajeitou os óculos e olhou para mim por cima das lentes. Pegou noutro volume, desta vez de capa lilás, folheou-o, leu o que estava escrito e disse «Oh meu Deus... mais um?!»

O corredor parecia não ter fim. Quadros decoravam as paredes. Paredes?! Na realidade pareciam pairar no ar. Molduras de vários estilos envolviam pinturas antigas. De quando em vez apareciam uns esgatafunhos. Aproximei-me de um quadro e por baixo estrava escrito “Picasso – 2013”. Parámos. A fila era grande, quase não se via o início. O anjo mandou-me esperar.

Mais uma sala, mas desta vez a decoração era deplorável. Bancos corridos dispunham-se ao longo do espaço. Centenas de almas estavam sentadas à espera. Sentei-me junto a um velho de cabelos brancos, que me tirou todas as medidas num ápice. «Acabaste de chegar né?» perguntou-me. Respondi afirmativamente. «Não te preocupes, daqui a uma eternidade vais ser atendido.»

     Capítulo 4 - Reclamação

Acho que não aqueci lugar pois fui chamado de imediato. «Terceiro gabinete à esquerda.» Disse-me um rapaz bem apessoado. Segui, entrei no tal gabinete e sentei-me. O assento estava frio, mármore. Na secretária, de carvalho velho, um homem, de cabeça virada para os papéis, resmungava. Parece que no céu estão todos mal humorados. Ao que parece, pelo que me disse o velho, as contigências financeiras obrigaram a autentar o número de horas de trabalho. Até os arcanjos já pensavam em fazer greve. «Sabe porque está à minha frente?» perguntou-me. Acenei a cabeça negativamente. «Está aqui porque o raio do software do cálculo do coeficiente de entrada no céu deu erro de novo. E quando dá erro mandam sempre aqui para o velho Joseph Ratzinger. Raios de sorte a minha. Tanto que eu lutei em vida e agora isto.»

«Nos termos da adenda ao artigo 6969 do regulamento de acesso às portas do paraíso, que muito foi contestado mas que o patrão foi resolutivo, todos os homossexuais têm o direito de se arrependerem. Por isso tem uma de duas opções: ou se arrepende imediatamente ou ficará na sala à espera que se arrependa.»

Já esperava há uma eternidade quando me lembrei que sendo a burocracia do céu tão parecida com a da terra, decerto haveria uma solução para o meu problema. Lembrei-me então de ir até ao guichet e pedir o livro de reclamações. Um trovão iluminou o tecto e todos olharam em minha direcção. O homem, de olhos esbugalhados, abriu a boca. Quase dava para lhe ver o estômago. «Livro de reclamações?!».

Indicaram-me uma sala de porta verde. Não a consegui abrir à primeira, de tão enferrujada que estava. Talvez fizesse muito tempo que não era aberta. Pelo menos estava limpa. Um banco iluminado, de tecido felpudo, esperava por mim. Sentei-me e como por magia, apareceu uma secretária, uma caneta e uma folha de papel.

Assim que pousei a caneta no papel para escrever a minha reclamação, um novo trovão entoou pelo espaço. Desta vez o susto foi ainda maior. E do meio de uma nuvem apareceu um homem de toga branca debruada por uma renda azul celeste. «Com que então não estás satisfeito com as regras da casa?!»

     Capítulo 5 – Regulamento

O jardim era mais maravilhoso do que tudo o que já vira anteriormente. Árvores enormes formavam um claustro, rodeando um lago com água tão clara que se viam os peixes e as pedras lá dentro. Quando nos aproximámos daquele espelho um peixe veio à superfície, como que a cumprimentar o homem de toga. Aves esvoaçavam pelo ar. Pássaros de mil e uma cores, brilhantes. Sentámo-nos sobre uma pedra e conversámos.

«Quando escrevi o regulamento de acesso às portas do paraíso tudo era mais fácil», explicou-me Deus. «Não havia confusão porque quase não haviam pessoas. Com o passar dos séculos o caso mudou de figura. Para começar os homens tornaram-se fúteis, interesseiros, desordeiros. Não cumpriam as regras que lhes impunha». Olhei-o. «Mas não é suposto o homem gozar do livre arbitrio?!». «Sim, era essa a ideia inicial. Pelo menos pensava eu que era, mas mudou muito o ser humano. Então tive que ir mudando as regras, tentando adaptar o regulamento à realidade. Durante muitos séculos não foram necessárias grandes mudanças mas ultimamente a coisa pia de outra forma.». «Então e porque é que nós somos diferentes? Não merecemos o teu amor de igual forma?», perguntei. Deus levantou-se, espreguiçou-se e voltou a sentar-se. «Qualquer pai deve amar os seus filhos, independentemente dos disparates que façam ou dos caminhos que tomem. E eu não sou diferente. O problema é que até o paraíso se tornou político.». Achei a expressão estranha. «Os anjos e os arcanjos passaram a ter opiniões diferentes e os santos vieram colocar ainda mais questões. Vê o caso de Pedro. Tem dias que ninguém o consegue aturar. É a velhice, dizem alguns... mas eu acho que é mesmo casmurro. Se calhar é defeito de ter sido pescador.». Mandou uma gargalhada sonora que até um unicórnio se assustou. «E não era dos melhores até eu o ter ajudado a pescar com fartura.»


«Então quer dizer que tens um regulamento mas não concordas com ele. Parece-me um pouco estranho, uma vez que és o criador de tudo.». Deus fitou-me. «Pois. A realidade é que aqui no céu apesar de eu governar como todo poderoso não sou nenhum ditador. Já foi o tempo em que eu tinha que decidir tudo. Um dia decidi que devia partilhar a responsabilidade. Numa visita à terra, encontrei uma rapariga bonita e perdi-me de amores por ela. Ora como era minha intensão partilhar o governo do céu, qual a melhor solução além de encontrar um herdeiro? E assim nasceu Jesus, o meu filho e herdeiro.»

     Capítulo 6 – Patrão

Perdia-se de vista a mesa onde tomávamos chá. Deus no topo, que confessou ter uma predilecção especial por pastéis de nata, tinha à sua frente o que deveriam ser pelos meus cálculos, cerca de duas dúzias de tal iguaria. Eu não tinha fome e fiquei-me pelo delicioso chá de uma mistura de ervas, mantida em segredo, resultado de séculos de experiências do arcanjo Gabriel. Continuei a conversa. «Mas Deus e que faz Jesus afinal?». «Olha meu filho, actualmente substitui-me nas minhas visitas a todos os mundos que criei. A minha idade tem-me obrigado a ficar um pouco mais pelo paraíso. A minha idade e S. Lucas com as suas manias de médico. Vê lá que agora inventou que me devo tornar vegetariano.» Nova gargalhada entoou pelo espaço, assustando desta vez um par de pombas brancas que estavam pousadas num candeeiro de pé alto, junto a um velho telefone de manivela. «E Jesus não é um filho obediente?», inquiri. «Olha, é como o tempo: uns dias bons, outros maus. Mas também tem boas qualidades. Foi ele o responsável pela informatização do paraíso. Organizou a biblioteca e criou uma aplicação que pondera as boas acções e as más, para avaliar a entrada no paraíso.». Sorri. «Ou seja, aquela aplicação que S. Pedro tando desgosta.». «Efectivamente. Mas a verdade é que o Pedro agora até tem mais tempo para fazer outras coisas, como pintar, que é uma grande paixão.»

«Uma coisa me deixa intrigado. Como é que o paraíso tem tanto espaço para todos os que já morreram ao longo nos milénios?». «Ainda bem que me fazes essa pergunta, meu filho. Na realidade o paraíso não é interminável e por vezes há a necessidade de enviar alguns lá para a cave, que é o nome carinhoso que aqui damos ao inferno. É claro que a aplicação informática tem dado uma boa ajuda e aqui só para nós tem dado bastante resultado. Uma outra solução é mandar de quando em vez as almas de novo para a terra.». Olhei-o. «Reencarnação? Existe?!». «Claro que existe meu rapaz e é uma das minhas maiores criações. Assim vou-me livrando dos excedentes e dou segundas oportunidades a quem mais merece. Algumas almas precisam de viver várias vezes para que a entrada no paraíso não seja posta em causa.». «Tal como a minha está a ser?», perguntei.

«Meu filho, o teu caso é especial. Quando atribui o livre arbitrio ao homem sempre pensei que ele não o usasse para usurpar a natureza. Esqueci porém que a natureza por si só é mutante, ganhou vontade própria. Então decidi não me preocupar muito com o assunto pois acredito que o amor é a par da amizade, o mais importante sentimento que existe.». «Então porque é que o meu caso é especial?». «Acontece que com a criação das religiões na terra, os membros criaram regras próprias. Umas formam-me atribuídas por tradição e outras por subversão. Ora, muitos desses legisladores quando chegaram cá acima, quase reviraram a casa. Para haver harmonia debaixo do meu tecto lá tive que ceder em alguns assuntos. Daí ter criado algumas adendas ao regulamento. Se por um lado os calei, por outro fiz ver que quem tem a última palavra acabo por ser sempre eu.»

     Capítulo 7 – Paraíso

Deus não mora no Paraíso  Prefere ficar “fora de portas”. Diz que assim tem mais descanso e concentra-se melhor, algo que não acontece lá dentro devido às maravilhas que criou . Maravilhas que eu só podia imaginar. Mesmo assim todo aquele espaço exterior era deslumbrante. Os pequenos oásis rodeados de árvores e relva tão espantosamente verde. Ali habitavam além do Criador, o seu filho Jesus, S. Pedro e todo o restante staff. Haviam porém alguns que morando dentro do paraíso, exerciam actividades do lado de fora. Era o caso de alguns anjos e as ajudantes femininas do palácio real.


A nossa conversa porém tinha alcançado um impasse. Os nossos pontos de vista pareciam estar algo distantes. «Mas Deus, porque é que devo arrepender-me de algo que me fez tão feliz na terra? Não é isso que tu queres? Que sejamos plenamente felizes?». «Meu filho, como já te expliquei, aqui também tenho que ceder um pouco nas minhas convicções, mais não seja de forma aparente. Se eu for totalmente a favor, os mais ortodoxos não me largam e se eu for contra os progressistas dão-me cabo do juizo. Assim encontrei um meio termo, obrigo as almas a arrependerem-se da vida que levavam na terra e assim ficam todos mais ou menos satisfeitos.». «Mas isso não é justo para mim nem para todos os que atrás virão. Nem sequer para os que já estão à tanto tempo à espera naquela sala sem fim.», argumentei. «Como vocês dizem lá não terra “Roma e Pavia não se fizeram em um dia”, logo há que esperar.». Olhei-o indignado. «Esperar o quê? Que mudes de opinião ou que alguém se canse de esperar e contra todas as suas próprias convicções se arrependa do mal que nunca fez?». Deus encolheu os ombros e seguiu em frente.




     Capítulo 8 - Tribunal

A sessão do tribunal começou com a apresentação do caso perante o colectivo de juízes, presidido pelo filho de Deus, Jesus. Acompanhavam-no São Paulo à direita e Santo António do lodo oposto. A minha defesa era um anjo com pouca experiência. A acusação, um velho e batido anjo, que só ainda não tinha sido promovido a arcanjo devido à sua suposta amizade com o "morador lá de baixo", mais conhecido por Lúcifer.

O julgamento era apenas uma fachada, tal como Deus já me tinha avisado. Eu, o réu, há muito que estava condenado. Praticamente desde o dia que cheguei às portas do Paraíso. Homossexuais ou pedem perdão e renunciam à sua infame natureza ou irão pura e simplesmente ter à "cave".

O veredicto não foi assim qualquer surpresa. Por não me ter arrependido, só restava um alçapão cuja abertura me levaria numa abrupta viagem até ao Inferno. Recurso estava fora de questão e Deus avisara-me antecipadamente que só interferia com a decisão do tribunal em casos muito especiais. Claramente o meu não era, apesar de raro.

Tinha sido Deus a criar o céu e a terra, os planetas, as estrelas, o Paraíso e o caminho para o andar de baixo. Reservou-me porém uma pequena surpresa, prova da simpatia que cultivava por mim. O túnel da descida tinha num ponto bem localizado uma bifurcação secreta, uma espécie de saída que o Criador tinha inventado. Avisou-me que não deveria contar a ninguém, pois não queria confusões desnecessárias com os altos magistrados do Paraíso.

Despedi-me. "Pode ser que no teu regresso haja mais abertura para o teu caso" sussurrou-me ao ouvido, seguido de um sorriso e um piscar de olho. O alçapão abriu-se de repente e lá fui eu por ali abaixo. Tal como planeado, a bifurcação secreta estava já aberta, à minha espera. Caí desamparado por meio das nuvens e a terra aproximava-se cada vez mais de mim. A velocidade aumentava e só pensei que me iria estatelar completamente num piso duro. Gritei.

"Pedro... acorda! Que se passa?". Quase dei um salto na cama. Levantei-me e sentei-me. Aparvalhado olhei em redor. Estava completamente suado e a meu lado Marco olhava para mim estupefacto. "Não se passa nada amor", descansei-o. Aproximei os meus lábios dos seus e proporcionei-lhe um demorado beijo. Deitá-mo-nos e abraçados adormecemos. Antes porém olhei pela janela. O céu estava limpo e lá longe, na imensidão do espaço, uma estrela brilhou mais, como se de um piscar de olhos se tratasse.

FIM

5 comentários:

Francisco disse...

Muito bom :D

Abraço

Ribatejano disse...

Se bem que podia ter terminado melhor, mas pelo menos consegui terminá-lo. ;D

João Roque disse...

Estás sinceramente de parabéns!

Ribatejano disse...

Já vislumbro um prémio à vista: o prémio para os contos-testamentos.

looooooooooool

Ribatejano disse...

PS: Já recebi um aviso papal que a continuar assim ainda sou excomungado.