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terça-feira, 21 de agosto de 2012

Carta

Meus dias continuam iguais. No trabalho vejo as mesmas pessoas. No caminho o habitual casario, cujas moradas nem sempre alojam quem quer que seja. Mal roda a chave na fechadura, volto ao meu mundo particular. As paredes, que mantenho quase imaculadamente brancas, protegem o verdadeiro "eu".

Ligo o rádio e tocam as velhas músicas, na mesma estação de rádio que ouço por todo o lado. Mudo para o disco compacto e volto a ouvir as melodias e letras já decoradas. Já nem ligo a televisão. Já não vejo filmes, tão antigos ou quase, quanto as músicas que ouço.

A única ligação ao mundo é virtual. É nesse universo que me torno diferente, apesar de sermos por lá, praticamente todos iguais. Crio nomes, perfis, ideias, sonhos e uma vez por outra, algo que se pode assemelhar com sentimentos. Não conheço quase ninguém mas estranhamente, quase não consigo viver sem elas.

Bastam pedaços de imagem, sons quase irreconhecíveis, palavras quantas vezes abreviadas e até dialectos diferentes. Tudo é importante quando o desejo de comunicar é muitas vezes levado acima das necessidades mais básicas.

É a esperança de encontrar, que me faz ansiar tais momentos. Procuro o desconhecido e tal como na vida real, reencontro tantos pelos mais recônditos cantos desse mundo virtual. Mudam os nomes, mas os utilizadores não mudam. Sei quem são, pois tantas vezes já ti aqueles discursos corriqueiros.

Neste momento, em que escrevo estas palavras, estou afastado.Ainda consigo separar os dois mundos. E o real é ainda tantas vezes tão agradável que o preciso de sobrepor aos meus desejos e ânsias. Por outro lado desejo que o tempo passe e eu corra para o virtual e publique os meus escritos.

De nada me servem que fiquem guardados num qualquer arquivo, à espera que alguém um dia os encontre. Já que o virtual existe, há que explorá-lo o mais possível. Pois manter os dois mundos intocáveis é cada vez mais difícil, mas não é impossível.


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