Mote
Podes pensar que sou infeliz
Por viver nesta solidão:
Mas vivo a vida que eu quis
Apesar de ser um só coração.
Glosas
Sou metade de um par
Lá nisso tens toda a razão;
E passo a vida a cantar
Em rimas, minha solidão.
Sou metade de um poema
Escrito com muita dor;
Sou um só neste sistema
Em que só eu dou amor.
Sou metade de uma vida
Peço a Deus a outra parte;
Mas é súplica perdida
Pois nem para pedir tenho arte.
Sou metade de um brinco de cereja.
Até esta fruta tem mais sorte;
Vivo de constante inveja,
Não sabendo qual o meu norte.
Sou metade do que tu pensas,
E pensas que sou infeliz?
Não venhas com fé ou crenças,
Vivo a vida que sempre quis.
Sou metade de um momento
Pois vivo nesta solidão.
Sou metade do pensamento,
Sou parte de um só coração.
Coimbra, 09 de Dezembro de 2000 (03:23 h)
4 comentários:
Temos poeta ;)
Francisco
Houve em tempos...
acho que a cidade ia ficar feliz e mais completa se pudesse ler este teu poema
Miguel
Restas tu...
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