Pequenos gestos do dia-a-dia fazem-me lembras algumas coisas boas de viver no campo. Abrir a porta do frigorífico e tirar o pacote de leite e beber é uma delas. Como cresci na aldeia, a certa altura da minha meninice, ía quase todos os dias buscar leite a casa de uma vizinha que vendia "para fora". Adorava vê-la a ordenhar a vaca, a coar o leite por um ou dois panos para tirar as impurezas, passá-lo para a leiteira que levava comigo. Durante o caminho, aproveitava para beber um bocado daquele saboroso líquido, ainda quente, acabado de sair das tetas da vaca. Uma delícia.
Era o tempo em que alimento algum me fazia mal à barriga. Hoje não me vejo a beber leite gordo, acho que jamais serei capaz de voltar a fazê-lo. Bebo leite magro, sempre da mesma marca, comprado sempre na mesma cadeia de supermercados.
Recordo ainda que nessa minha meninice, a minha mãe comprava queijo de cabra fresco. Mais um paladar que fica na minha memória. Apesar de não gostar de leite de cabra, adoro o queijo feito com esse leite. Tanto em fresco como já seco. Amanteigado também se come bem (um gosto adquirido com o passar dos anos).
Hoje só encontro queijo fresco nos supermercados, pois praticamente já não há produção caseira. Devido às normas sanitárias e de higiene, esse bom alimento só é fabricado em locais asseados e autorizados por uma panóplia de autoridades locais e/ou nacionais.
Quantos nas grandes cidades nunca tiveram o prazer de sentir o cheiro da terra. Apanhar as batatas semeadas semanas antes. Colher frutas directamente das árvores. As alfaces e hortaliças nos canteiros das flores, entre roseiras e sardinheiras. Tomate preso nas canas, tal como o feijão verde. As favas que precisam de ser descascadas, tal como as ervilhas e o feijão maduro ou seco.
São as pequenas coisas que vivi na minha infância, na parvónia, que me definem verdadeiramente. Memórias... apenas memórias.
8 comentários:
Meu anjo... não são “apenas” memórias! Há quem diga que as únicas verdades que temos são aquelas registradas em nossa mente. Que a realidade, impossível por si de tornar-se “palpável”, realiza-se, entretanto, pelo milagre do nosso guardá-la em nossas lembranças.
Acredito nisso... e a forma como você, lindamente, nos presenteou com esses “pedaços” de si, me deram prova suficiente.
Abraços.
Um comentário muito científico. lol
Abraço Cesinha
Recordo-me perfeitamente do que falas, quando ía para casa da minha avó :)
Abraço
Eu não vou lá todos os fins de semana senão morria de tédio e de discussões com os meus pais. Uma ou duas vezes por mês e já estou a arriscar a minha sanidade mental.
Francisco, experiências dessas já não voltam.
Coelho, porque discutes? Não vale a pena, não vão chegar a lado algum.
Nunca vivi no campo, mas tenho pena...
Vem cá um dia pinguim. Fartaste logo. hehehe
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