No meu Oeste não existem guerras, pelo menos aquelas que abrem telejornais e que mesmo reprovadas por todos, continuam a acontecer.
No meu Oeste não caiem aviões, aqueles que provocam confusões internacionais e que tal como as guerras, aguçam a curiosidade que quem não se mete nesses aparelhos diabólicos.
No meu Oeste não existem escândalos bancários, não existem aqui sedes de instituições bancárias que arrisquem o que não é seu.
Afinal o meu Oeste parece ser uma pasmaceira. Não basta a previsão de abundância das colheitas que se aproximam, para constarem sequer nas primeiras páginas de jornais locais, porque até esses se preocupam mais com as grandes notícias dos outros. Não bastam as festas e romarias que por esta altura colocam as mais pequenas comunidades na "boca do povo". Nem tão pouco as matrículas estrangeiras, daqueles que teimam em voltar, ano após ano, ao sítio que os viu nascer ou crescer, as suas raizes.
O meu Oeste não é só praia, tem campo, gente humilde, verde, serras, eventos desportivos. Cada pomar apresenta a sua própria riqueza, cada fiada de videiras um prenúncio de um bom vinho, que irá escorregar pelas gargantas de quem saiba apreciar esse néctar dos Deuses. Campos de pasto que são cortados e que fornecerão comida e cama ao gado, principalmente no inverno. São oiro os campos de trigo que ainda povoam aqui e ali. Os girassóis compõem a paisagem, o verde serpenteado pelo amarelo das suas pétalas, sempre em busca do rei sol.
O meu Oeste, aquele que se observa do alto da Serra do Montejunto e que se perde no horizonte é vida. Ladeado pelo imponente Ribatejo e pelo Atlântico no lado oposto. E os altos e baixos geológicos dão ainda mais alegria ao território, cortado por auto-estradas e estradas de ferro, obras do homem quantas vezes mal pensadas e geridas. Mas o povo aqui se mantém, um misto de coragem e de falta de aventura, medo de ir para outras paragens ou apenas a esperança de que a vida melhore.
É assim o meu Oeste. Esta zona que sempre me atraiu e que acabei por adoptar. É este o meu Oeste.
5 comentários:
Um belo retrato de uma região em que vale a pena viver.
Sendo uma região rural, tem o mar ao lado e a "civilização" a um salto...
Que mais queres?
João
Não me estou a queixar da minha sorte. O resto do mundo é que está errado. hehehe
Não conheço o Oeste muito bem. Alias, conheço mesmo muito mal. O que espero um dia vir a colmatar, especialmente devido à existência de um dos mais emblemáticos edifícios do nosso país aí: O Convento de Mafra!
Horatius
Mafra já não é Oeste, é zona saloia.
Estamos sempre a aprender... Pensei que era Oeste até à zona de Lisboa :)
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