Este blogue tem conteúdo adulto. Quem quiser continuar é risco próprio; quem não quiser ler as parvoíces que aqui estão patentes, só tem uma solução.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

O avião - parte 1

Tardiamente percebi que a tua ausência seria motivo suficiente para enlouquecer. Naquela manhã acordei e percebi que não estavas comigo. Que tonto fui. Podia ter largado tudo e com medo quiçá de mim próprio, deixei-te partir. Tomei um garrafão de coragem, enchi uma pequena mala de roupa e saí de casa. O banco estava apinhado naquela manhã. Dia de pagamento das reformas. Levantei quase todas as minhas economias deixando o gerente daquela dependência bancária de boca aberta. Já me conhecia há muitos anos e sabia o quão sovina eu sempre fora. Teria enlouquecido?

O trânsito estava anormalmente lento. E eu, que queria chegar rápido ao aeroporto, desesperava, cada vez que o taxista pisava o pedal dos travões. Praguejava para mim mesmo, ao contrário do motorista que, com a sua rudez, se esquecia constantemente que eu estava já ali atrás.

Entrei apressado por aquele espaço, que embora não me fosse desconhecido era a catedral da confusão. Apressei-me para a bilheteira e adquiri o tal bilhete de avião. Estava já à porta de embarque quando me lembrei que nunca tinha tirado os pés do chão. Queria voltar atrás. Afinal se Deus quisesse que eu voasse tinha-me mandado à terra como pássaro. Venci o meu medo pensando na razão que me tinha levado até ali, estiquei o peito e mesmo nervoso, disse para mim mesmo que o medo é coisa que não me assiste (onde é que eu já li isto?!).

Todo eu tremia, agarrado com todas as minhas forças ao banco. Quem me dera que aquele banco tivesse mais cintos, um só parecia-me pouco. Desejei que aquele voo fosse como aqueles que se vêm nos filmes de ficção científica, em que se adormece numa cápsula e só se acorda no destino. «É a primeira vez que voa?», perguntou-me a senhora que estava a meu lado. Com alguma dificuldade abri os olhos e visualizei aquela senhora idosa toda vestida de preto e branco. À primeira vista parecia um pinguim mas era apenas uma carinhosa freira. Pousou a sua engelhada mão sobre a minha e disse «Deus está connosco e nada de mal acontecerá!».

Afinal aquilo lá em cima não era o que eu pensava. Fitei um ponto no banco da frente e assim me mantive algum tempo. Uma voz doce saiu das colunas a avisar que teríamos que voltar a colocar os cintos. Voltar?! Eu nem sequer o tinha tirado ainda. Livra. Sentiu-se turbulência e fechei de novo os olhos. Todo o aparelho tremia e eu agarrava-me com todas as forças, quase fixando os meus joelhos ao banco da frente.


Quando voltei a abrir os olhos...

(to be continued)

6 comentários:

João Roque disse...

Excelente começo de qualquer coisa que antevejo interessante.
Não me leves a mal a chamada de atenção para um erro tão habitual em tanto texto que lei aqui na blogo e que quase nunca me incomodo em referir, mas isto é uma istória e deve estar tudo correcto: é o famigerado uso do "à" em vez do "há", quando nos referimos à noção de tempo, mas tu és um entre muitos e muitos que não liga muito a isso.
(onde está "já me conhecia à muitos anos" deve ser "já me conhecia há muitos anos"...)

Ribatejano disse...

Tens toda a razão João. Assim que eu tenha à minha disposição um bom computador, farei a devida correcção. Já tinha corrigido um outro erro que cometi, resultado da pressa.

Quanto à "istória", acho que vais gostar. Outros irão "apedrejar" o blogue.

looooooool

Francisco disse...

Uhmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmm

Para quem diz que eu dou erros ;)

:PPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPP

Tu prendes o leitor e depois escreves "To Be Continued", :P

Não se faz :P

ehehehehehhehehehehehehehehehehehe

João Roque disse...

Dou a mão à palmatória na questão de palavras incompletas porque nunca releio o que escrevo; mas não são erros gramaticais, note-se...

Ribatejano disse...

Francisco

Tenho que cativar a audiência de alguma forma. Além disso é um texto grande, se o publicasse de uma assentada só não passarias do primeiro parágrafo.

Amanhã há (e desta vez bem escrito) mais.

Ribatejano disse...

João

Tivesses escrito "estória" e eu dar-te-ia um elogio especial.

:D